Portugal, aparentemente, anda à procura de Clark Kent. Mas onde é que está o Super-homem quando se necessita dele? Será José Sócrates? Será Manuela Ferreira Leite? Qual deles será o herói que afastará a kryptonite que ameaça tirar todas as forças a Portugal? Programas esquecidos, é só isso que agora vai ser discutido. Estas eleições serão fatídicas para um dos líderes dos dois maiores partidos. Ao vencedor estará reservado o papel de Super-homem. Ao vencido, de Lex Luthor. Estas eleições são um duelo. Só um (Ferreira Leite ou Sócrates) sobreviverá politicamente às eleições. Mesmo que tudo termine num casamento de conveniência. Mesmo o Bloco Central não evitará que um deles saia de cena. Até esse dia, que as sereias já vão cantando, prevendo os acordos de amanhã, a luta entre Sócrates e Ferreira Leite apelará a todos os truques e a todas as frases. Porque ambos sabem o seu destino. Os partidos sobreviverão ao funeral político de qualquer um deles. Nesta democracia passiva, a escolha é entre elites, porque, como já pensava Joseph Schumpeter, os votantes são cada vez mais consumidores. Até de sonhos. Nestas eleições o campo de batalha é o centro social e a estrela é a anémica classe média urbana que decide sempre quem ganha e que procura um Clark Kent musculado que a retire rapidamente da crise. Pura ilusão: nenhum o fará, com mais ou menos Estado exíguo. Ninguém terá maioria absoluta, mas alguma estabilidade governativa terá de se arranjar. Sem Sócrates ou sem Ferreira Leite.