As pré-condições para uma crise financeira estão reunidas. No entanto, até agora, a volatilidade do mercado tem sido limitada. Por que é, desta vez, diferente?
Ao longo dos últimos meses, os preços do gás e da eletricidade na Europa dispararam quase 100% para níveis sem precedentes, depois caíram em cerca de um terço, e têm agora subido novamente desde que a Rússia anunciou que a operação no Nord Stream 1, o seu gasoduto para a Alemanha, iria manter-se suspensa indefinidamente.
Poder-se-á assumir que a guerra na Ucrânia levada a cabo pelo presidente russo, Vladimir Putin, é a principal causa da subida dos preços da energia e de outras matérias-primas. Afinal de contas, a Rússia é o maior exportador mundial de petróleo e de produtos petrolíferos – e, em conjunto com a Ucrânia, representa um terço das exportações globais de trigo e cevada. Mas há duas razões de peso para questionar esta explicação.
O impacto direto da perda efetiva ou potencial de empregos nos salários das pessoas foi compensado na maioria dos países desenvolvidos por apoio dos governos sem precedentes.
Uma característica-chave de uma sociedade resiliente é a sua capacidade de impedir a acumulação de vulnerabilidades, incluindo no setor da energia.
A forma mais simples de olhar além do aumento temporário dos preços criado pelo efeito de base causado pela covid em 2020 é calcular a inflação nos últimos 24 meses, em vez de 12.
Quando um país não tem produção própria, e quando quase todos os recursos à disposição dos seus consumidores provêm de transferências do estrangeiro, manter um nível baixo de corrupção torna-se quase impossível.
O sentimento anti-vacinas não é novo: o movimento NoVax já existia muito antes da pandemia de covid-19.
Os EUA não poderão contar com as energias renováveis para fornecer toda a sua energia, e a UE terá de começar a pressionar a sua própria indústria.
A estrutura da UE não se adequa a uma ação executiva ágil e os seus mecanismos de tomada de decisão excessivamente complicados são um obstáculo à responsabilização. Enquanto isso for assim, as crises continuarão a levar a melhor sobre a Europa.
A experiência do ano passado e o senso comum sugerem que quaisquer transferências suplementares em larga escala serão simplesmente economizadas, o que implica que os estímulos adicionais terão um baixo efeito multiplicador na procura agregada.