Henry Kissinger: O pragmático e o idealista
No dia em que o antigo secretário de Estado norte-americano celebra 100 anos, recorde o texto do jornalista Fernando Sobral (1960-2022) no Negócios a propósito da edição do primeiro volume da biografia de Henry Kissinger escrita por Niall Ferguson.
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Henry Kissinger sempre fez da diplomacia um jogo entre a luz e a sombra. Relembre-se um caso: em Julho de 1971 apanhou um avião para Islamabad e durante uns dias tornou-se invisível. Dizia-se que estava doente mas na realidade estava em Pequim, preparando aquilo que seria um golpe de mestre: a ida de Richard Nixon à República Popular de China e o início de uma geometria política que tinha como fito isolar a então União Soviética e mostrar que chineses e americanos poderiam criar um entendimento que fugisse às suas desconfianças históricas. Hoje a China é uma potência que volta a causar medo nos EUA e apresenta-se mesmo como um desafio sério à liderança americana num mundo global. Estaremos a caminho de uma nova ordem mundial que implica o fim daquilo que Kissinger teceu? Kissinger é um fruto do tempo em que cresceu, numa Europa que ameaça sucumbir perante a hegemonia nazi e o totalitarismo soviético e onde os Estados Unidos pareciam ser o paraíso da liberdade. Lá, Kissinger encontrou o seu território e o seu futuro.
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