António Costa: “O Estado não pode perder a maioria do capital da TAP”
O novo Governo não vai desarmar até voltar a deter o controlo maioritário da TAP, garantiu António Costa. E criticou Passos Coelho e o seu Governo por ter vendido a companhia “de forma pouco democrática”, quando já estava demitido.
A TAP vai voltar a ser pública, garantiu António Costa no debate quinzenal desta tarde, na Assembleia da República. Depois de Jerónimo de Sousa ter denunciado um "saque" na transportadora aérea com a entrada de accionistas privados, António Costa admite que só há uma saída: "negociar a aquisição pelo Estado dos 51% do capital" da TAP. "Consideramos isso vital", vincou.
"O Estado deve manter a maioria do capital da TAP" porque "não é só uma companhia de aviação, é a garantia da independência nacional, da ligação do nosso território descontínuo e as comunidades emigrantes e um instrumento fundamental para economia portuguesa e para a afirmação da plataforma atlântica de Portugal". "Esse é o instrumento que é a TAP e em circunstância alguma o Estado poderá perder a maioria da capital da TAP", frisou.
António Costa respondia à interpelação de Jerónimo de Sousa, que lembrou que "é uma evidência que a TAP foi vendida ilegalmente por um Governo demitido", pelo que é "urgente e indispensável anular e fazer reverter" a venda da empresa. O líder comunista denunciou algumas das mudanças que os novos accionistas começaram já a implementar, a começar pelo "dinheiro fresco está a ser espremido da própria companhia".
Mas não é só isso. "É a alienação dos terrenos do aeroporto", que põe em causa a manutenção, "são as decisões da renovação da frota, alteradas ao sabor da estratégia do consórcio", nomeadamente com a desistência da compra dos aviões Airbus A350, mas é também o anunciado "modelo de menor qualidade", vulgo ‘low cost’, que a companhia pretende aplicar nas viagens de curta distância. Acresce que os accionistas "equacionam um corte profundo na Portugália e na sua frota" e "ameaçam empresas do grupo".
Venda da TAP foi "inaceitável"
António Costa não esqueceu a forma como decorreu o processo de venda da TAP, com a assinatura do contrato a decorrer com o Governo já em gestão, depois de demitido pelo Parlamento. "Os últimos meses do anterior Governo foram elucidativos da forma pouco democrática como foram conduzidos vários processos de privatização", disse Costa, porque "era conhecido antecipadamente o desacordo que havia entre a generalidade das forças políticas".
Por isso foi "inaceitável" que "o anterior Governo se tivesse permitido assinar um contrato apesar de saber que não tinha" apoio político maioritário. "Terão de passar muitos anos para voltarmos a ter o exemplo de um Governo que, já depois de demitido pelo Governo, se permitisse a assinar um contrato que obriga o Estado português contra a vontade da maioria escolhida pelo povo".
Mais lidas