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UE e Reino Unido terminam nova ronda negocial sem progressos no acordo para o pós-Brexit

Os negociadores da UE e Reino Unido completaram a sétima ronda negocial esta sexta-feira,e avisam que o acordo sobre as relações futuras entre Londres e o bloco regional pode estar em risco.

Michel Barnier
Michel Barnier
21 de Agosto de 2020 às 11:55

As negociações previam-se difíceis, e o pior cenário foi confirmado esta sexta-feira: o Reino Unido e a União Europeia não registaram qualquer progresso para um acordo em torno da relação pós-Brexit, e esse entendimento poderá mesmo não ser possível.

"Nesta fase, um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia parece improvável", avisou Michel Barnier, responsável da UE pelas negociações sobre as relações futuras com o Reino Unido no pós-Brexit, no final da sétima ronda negocial, que terminou sem avanços, após quatro dias de conversações.

Para esta negociação, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson havia traçado três linhas vermelhas - o papel do Tribunal de Justiça da UE, a autonomia legislativa do Reino Unido e as pescas – mas, segundo Barnier, em nenhum destes pontos se registaram avanços, nem o lado britânico mostrou "uma preocupação recíproca" com as matérias prioritárias para os 27 Estados-membros da UE, que, sublinhou, "são as mesmas desde 2017".

"Aqueles que esperavam uma aceleração das negociações esta semana ficarão desiludidos. Francamente, pela minha parte, estou desiludido e preocupado, e até um pouco surpreendido, porque o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse-nos em junho que queria acelerar os trabalhos durante o verão. Mas esta semana, tal como na ronda de julho, os negociadores britânicos não mostraram qualquer vontade de progredir em questões fundamentais para a UE", declarou o negociador-chefe da UE, numa conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.

Do lado britânico, o responsável pelas negociações, David Frost, confirmou os escassos progressos conseguidos na mais recente ronda negocial, sublinhando que é agora "claro" que não será fácil alcançar um entendimento.

"Tivemos discussões úteis esta semana, mas houve pouco progresso", informou David Frost, através de um comunicado. "O acordo ainda é possível, e ainda é o nosso objetivo, mas está claro que não será fácil de alcançar", acrescentou o responsável, que, durante a semana, apresentou aos negociadores da UE um esboço do acordo final, destacando as grandes divergências que ainda persistem. Sobre esta manobra, Barnier disse ter sido "útil" ver a posição britânica, mas que "não podemos ter pessoas a trabalhar numa base unilateral".

Quatro meses para fechar um acordo

O fracasso de mais uma ronda negocial deixa a União Europeia e o Reino Unido numa verdadeira corrida contra o tempo, numa altura em que faltam pouco mais de quatro meses para terminar o período de transição, que mantém o acesso do país ao mercado único europeu e à união aduaneira.

Assim, o acordo entre as partes teria de ser alcançado até 31 de dezembro, para vigorar a partir de janeiro do próximo ano.

Barnier avisou, porém, que o calendário é ainda mais apertado, já que o texto jurídico que estará na base do acordo deveria estar completo até ao final de outubro, para dar tempo ao Conselho e ao Parlamento Europeu para se pronunciarem.

"Resta, portanto, pouco mais de dois meses para encontrar um acordo sobre todos os assuntos da negociação e consolidar um texto e tratar dos anexos técnicos, a serem verificados pelos juristas em todas as línguas", sublinhou.

O negociador-chefe da UE reforçou, ainda assim, que o objetivo dos Estados-membros continua a ser o entendimento com o Reino Unido e que "apesar do calendário cada vez mais apertado", isso "ainda é possível".

Para a próxima ronda negocial, que decorrerá em Londres entre 7 e 11 de setembro, Bernier pediu "ideias claras, concretas e construtivas" para que se possa superar o impasse. Caso isso não aconteça até ao final da fase de transição, as relações comerciais entre Londres e os 27 Estados-membros da UE serão regidas apenas pelas regras da Organização Mundial do Comércio, nomeadamente no que respeita aos direitos aduaneiros.

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