"Eles começaram a guerra". Putin culpa países do Ocidente pelo conflito na Ucrânia
O presidente da Rússia dirige-se ao país no primeiro grande discurso em dois anos, no qual faz um balanço do conflito armado, que dura há um ano. Prometeu que irá alcançar os objetivos.
O presidente da Rússia acusa os países do Ocidente de terem começado a guerra na Ucrânia. Vladimir Putin dirigiu-se na manhã desta terça-feira ao Parlamento russo para fazer um balanço daquilo a que chama "operação militar especial" e o impacto que está a ter para a economia do país.
"Eles começaram a guerra e nós usámos a força para a parar", afirmou Putin, acusando a Ucrânia de ter provocado Moscovo ao reforçar a presença militar na fronteira com a Rússia. "Gostaria de repetir: eles começaram a guerra", sublinhou sobre o conflito que irá completar, na sexta-feira, um ano.
O discurso do Estado da Nação perante as duas câmaras do Parlamento é o primeiro em dois anos e coincide com a data em que Vladimir Putin reconheceu a independência de Lugansk e de Donetsk. No mesmo dia, 21 de fevereiro de 2022, ordenou a mobilização do Exército russo para a "manutenção da paz" nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
"Fizemos tudo o que seria possível para resolver o problema de forma pacífica. Somos pacientes nas negociações para pôr fim a este terrível conflito. No entanto, está a ser preparado, nas nossas costas, um cenário completamente diferente", alegou o líder russo.
Sanções só estão a castigar Ocidente
A guerra levou União Europeia e Estados Unidos a avançarem com uma vaga inédita de sanções económicas e financeiras contra a Rússia. Mas Putin garante que a estratégia não está a ter sucesso - nem virá a ter no futuro, garante - e, pelo contrário, até está é a penalizar os países do ocidente.
"Os iniciadores destas sanções estão a castigar-se a si mesmos. Provocaram um crescimento dos preços nos seus próprios países, fecho de fábricas, colapso do setor energético. E dizem aos seus cidadãos que os russos são os culpados", disse, acrescentando que as sanções são uma via para destabilizar a sociedade russa.
Criticou ainda os oligarcas sancionados, rotulando-os de traidores do Estado russo. Afirmou que os empresários de topo estão agora a pagar o preço por terem tirado proveito da influência ocidental e da liberalização dos mercados financeiros após a queda da União Soviética para transferir riqueza para fora do país.
"Em vez de criarem empregos aqui, esse capital foi gasto a comprar imóveis de luxo e iates", disse. "Alguns vieram para a Rússia, mas a primeira vaga foi gasta no consumo de produtos ocidentais", atirou.
Rússia suspende tratado nuclear
O líder russo diz-se assim obrigado a retirar o país do tratado com os Estados Unidos que limita o arsenal nuclear de ambos os países. "Sou forçado a anunciar hoje que a Rússia vai suspender a participação no tratado de ofensiva estratégica", o New START.
Vladimir Putin considera que o Ocidente quer impor uma derrota estratégica para acabar com a Rússia "de uma vez por todas", defendeu, garantindo que, apesar do momento "difícil", o país irá alcançar "passo a passo" os seus objetivos na Ucrânia.
"Para garantir a segurança do nosso país, para eliminar a ameaça representada pelo regime neonazi que surgiu na Ucrânia após o golpe de 2014, foi decidido realizar uma operação militar especial. Passo a passo, com cuidado e consistentemente, alcançaremos as tarefas que estamos enfrentando", disse Putin.
O presidente da Rússia usou o discurso para anunciar igualmente a criação de um fundo para ajudar veteranos e famílias de soldados feridos ou mortos em combate. O fundo (cujo valor não foi divulgado) irá contribuir para dar "apoio social, médico e psicológico".
(Notícia atualizada às 11:20)
Mais lidas