Aviões, carros, bourbon, fruta e até armas: Como a UE pretende retaliar tarifas dos EUA
A União Europeia continua empenhada em chegar a um acordo comercial com os EUA. Mas a lista de possíveis contra-medidas é vasta.
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Começam a ser conhecidos os produtos importados dos EUA pela União Europeia (UE) que poderão vir a ser taxados como uma forma de retaliar o anúncio de tarifas de 30% feito pelos norte-americanos. O pacote de contra-medidas, avaliado em 72 mil milhões de euros, era para ter sido mais agressivo, de acordo com a Bloomberg, podendo mesmo ter chegado aos 95 mil milhões de euros, mas foi reduzido após uma consulta com os Estados-membros.
Segundo a agência de notícias, a UE pretende aplicar tarifas sobretudo em bens industriais (avaliados em 65 mil milhões de euros), com destaque para o setor da aviação (11 mil milhões de euros), maquinaria industrial (9,4 mil milhões de euros) e o setor automóvel (oito mil milhões de euros). Outros produtos, como frutas e vegetais (dois mil milhões de euros) e bebidas espirituosas (1,2 mil milhões de euros) fazem parte da lista de potenciais retaliações.
Neste sentido, uma das empresas que mais pode vir a ser afetada pela retaliação comercial da UE é a americana Boeing, um dos maiores fabricantes mundiais de aviões comerciais.
Também equipamentos de precisão (cinco mil milhões de euros), brinquedos e passatempos (500 milhões de euros), armas desportivas (300 milhões de euros) e até instrumentos musicais (200 milhões de euros) estão na mira da União Europeia. Ainda de acordo com a Bloomberg, de fora da lista de possíveis retaliações ficam os produtos de cariz militar.
A definição dos bens a serem taxados terá tido em conta critérios como a disponibilidade de alternativas para o fornecimento desses bens e teve também em conta fatores como o potencial risco de relocalização da produção dos mesmos.
Apesar de se mostrar preparada para retaliar, a União Europeia diz-se comprometida em alcançar um acordo comercial com os EUA. "A UE não se afasta sem esforço genuíno", assegurou o responsável europeu do Comércio, Maros Sefcovic, nesta segunda-feira, dando conta de que voltaria ao contacto com os parceiros norte-americanos, na expectativa de um entendimento que Bruxelas ainda considera possível. "A minha impressão é a de que é algo pelo qual vale a pena trabalhar, caso contrário não teríamos passado três meses a discutir um acordo de princípio com mais de 300 linhas tarifárias".
O responsável europeu foi mais longe e garantiu que o eventual pacote de contra-medidas de 72 mil milhões de euros "não esgota a nossa caixa de ferramentas e todos os instrumentos permanecem na mesa".
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