Bruxelas desagradada com evolução do défice de Espanha

O comissário europeu Pierre Moscovici nota que o défice espanhol de 5,2% do PIB "confirma a preocupação da Comissão Europeia com os planos orçamentais espanhóis". Ministro das Finanças espanhol fala em activar mecanismo de sanções.
Pierre Moscovici
Bloomberg
David Santiago 31 de Março de 2016 às 20:56

Em 2015 o défice orçamental espanhol foi de 5,2% do produto interno bruto (PIB) do país, um ponto percentual acima dos 4,2% que haviam sido acordados com Bruxelas, segundo dados revelados esta quinta-feira, 31 de Março, pelo instituto de estatística espanhol.

A Comissão Europeia não demorou a reagir aos dados divulgados esta quinta-feira, 31 de Março, com o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici (na foto), a notar que o défice de 5,2% "confirma a preocupação da Comissão Europeia com os planos orçamentais espanhóis".

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As declarações de Moscovici surgem já depois de em Outubro o comissário francês ter demonstrado dúvidas sobre os planos orçamentais de Espanha para os anos de 2015 e 2016. Segundo referia Moscovici nessa altura, a Comissão Europeia via riscos de incumprimento das metas definidas para o défice de Espanha nestes dois anos, pedindo então que Madrid reformulasse os respectivos Orçamentais uma vez que estivesse concluído o processo eleitoral.

A Comissão chumbou assim o Orçamento do Estado para 2016 apresentado pelo Executivo de Mariano Rajoy, pedindo então um novo orçamento. Mas Rajoy mostrou a sua discordância, afirmando, em resposta à Comissão, que "não estou de acordo. Espanha não vai incumprir o défice". Afinal, os receios de Bruxelas pareciam ter razão de ser e, já em Janeiro, o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, defendia que a prioridade de Espanha deveria ser a aposta no crescimento e não na redução do défice.

 

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A Comissão chumbou assim o Orçamento do Estado para 2016 apresentado pelo Executivo de Mariano Rajoy, pedindo então um novo orçamento. Mas Rajoy mostrou a sua discordância, afirmando, em resposta à Comissão, que "não estou de acordo. Espanha não vai incumprir o défice". Afinal, os receios de Bruxelas pareciam ter razão de ser e, já em Janeiro, o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, defendia que a prioridade de Espanha deveria ser a aposta no crescimento e não na redução do défice.

No entanto, das eleições de 20 de Dezembro resultou o Parlamento mais fragmentado da história democrática espanhola, sendo que até ao momento Espanha continua sem encontrar uma solução governativa, havendo mesmo a possibilidade de novas eleições a 26 de Junho se o impasse se mantiver. Bruxelas também já se pronunciou sinalizando que a instabilidade política em Espanha pode colocar em causa o cumprimento dos objectivos acordados entre as instâncias europeias e Madrid.

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Também esta quinta-feira, o ministro espanhol das Finanças, Cristóbal Montoro, justificou a derrapagem orçamental com despesas relacionadas com as comunidades autonómicas e com a Segurança Social. As regiões tinham como meta atingir défices de 0,7%, mas acabaram por atingir os 1,66% explicou Montoro que acrescentou que a Segurança Social acabou por registar um défice de 1,26%, mas do dobro do que os 0,6% definidos.

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O ministro Montoro disse ainda que o Governo espanhol ainda em funções poderá activar o mecanismo sancionatório previsto na Lei de Estabilidade Orçamental. O que permitiria ao Governo espanhol enviar uma carta às comunidades autonómicas que não cumpriram as metas acordadas em matéria de défice, que segundo o La Vanguardia foram todas as regiões à excepção das Canárias, da Galiza e do País Basco, instando-as a que se comprometam a utilizar todos os fundos públicos que recebam em 2016 em medidas que não "contribuam para aumentar a despesa".

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Ainda de acordo com o La Vanguardia, também o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, se mostrou surpreendido com a dimensão da derrapagem do défice, notando porém que a instituição presidida por Jean-Claude Juncker irá aguardar pelos dados oficiais que serão divulgados a 21 de Abril pelo Eurostat.

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