IRS: "Os mais beneficiados vão ser os rendimentos do meio da tabela"
A fiscalista Serena Cabrita Neto sublinha que a ideia é justamente que "o sistema se aperfeiçoe de tal maneira que o imposto retido seja quase idêntico àquele que seria devido".
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Este ano, tal como aconteceu em 2024, em agosto e setembro o Governo vai devolver aos contribuintes o que foi retido a mais desde janeiro. Para esses dois meses haverá tabelas de retenção na fonte específicas, que depois ficam regularizadas para os restantes três meses do ano - outubro, novembro e dezembro - já sem a necessidade de fazer o acerto retroativo.
A fiscalista Serena Cabrita Neto explica, em entrevista ao Negócios no canal NOW, que a medida abrange "os contribuintes da categoria A e H, portanto os pensionistas e os trabalhadores por conta de outrem, que estavam sujeitos a retenções na fonte e, portanto, neste período de agosto e setembro vão ter um acerto em relação às retenções na fonte que sofreram de janeiro a julho. O alívio fiscal que só teriam na liquidação de IRS de 2026 por referência a 2025 vão ter esse reflexo financeiro recuperado agora com estas tabelas especiais que visam financeiramente compensar a retenção que tiveram a mais nos meses passados".
Até 1.136 euros não há retenção na fonte, por isso, sublinha a fiscalista, "os rendimentos que vão ser mais beneficiados não são os rendimentos mais baixos, mas sim os rendimentos do meio da tabela, da classe média. Todos os rendimentos entre 1.500 e 3.000 euros, todas as simulações mostram que são efetivamente aqueles que vão ter um efeito mais cumulativo. Claro que os efeitos económicos unitários e absolutos são mais visíveis em salários mais altos, mas não quer dizer que sejam os mais beneficiados, porque esses também vão pagar mais impostos, porque são sujeitos a taxas mais altas de IRS no tal acerto final".
Esta atualização das tabelas depois vai ter novamente um efeito no próximo ano, que também já aconteceu neste ano e gerou descontentamento pois houve menos reembolsos. Serena Cabrita Neto diz que a ideia é justamente que "o sistema se aperfeiçoe de tal maneira que o imposto retido seja quase idêntico àquele que seria devido e que não haja nem reembolsos nem pagamentos".
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