Guterres está "desiludido" com resposta europeia à crise migratória
"A Europa não foi capaz de se unir e organizar" para responder convenientemente aos desafios colocados pela crise migratória que em 2015 trouxe milhares de migrantes e requerentes de asilo para o espaço comunitário. Esta declaração foi feita esta terça-feira, 2 de Fevereiro, por António Guterres, que recebeu das mãos do Presidente da República, Cavaco Silva, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
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Essa incapacidade é uma "fonte de grande tristeza e grande frustração" para o até há pouco tempo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que se diz "desiludido" com as "medidas restritivas" que os Estados-membros da União Europeia têm vindo consecutivamente a adoptar de forma a dissuadir os refugiados de quererem ser integrados nas respectivas sociedades.
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Esta desilusão é especialmente grande "para quem foi Alto Comissário para os Refugiados e é um europeísta convicto", acrescentou o também candidato ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas. Para Guterres, "os países europeus hoje são pequenos" e "a Europa para não ficar irrelevante no quadro internacional tem de se unir", algo que o ex-primeiro-ministro português considera não estar a verificar-se.
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Todavia, apesar do diagnóstico desfavorável, António Guterres defende que "não podemos dizer que a Europa é egoísta. A Europa é portadora dos valores humanistas mais importantes", mas actualmente "as lideranças políticas [ainda] não se conseguiram unir".
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O que é especialmente grave no entender de Guterres, designadamente porque está a acontecer uma "rejeição em relação a pessoas que já sofreram tanto (…) e que agora encontram portas fechadas".
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Guterres sentiu ter o "dever" de se candidatar à liderança da ONU
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No final da cerimónia que decorreu no Palácio de Belém, António Guterres disse aos jornalistas que é conhecedor das "circunstâncias complexas que rodeiam essa eleição" para secretário-geral das Nações Unidas (ONU), no entanto considera ser "meu dever estar disponível" para protagonizar esta candidatura.
"Tenho a obrigação de dizer que estou disponível para poder fazer algo mais em matéria de serviço público", concluiu.
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Cavaco Silva elogiou o papel desempenhado por Guterres, garantindo "todo o apoio de Portugal" para esta candidatura. "Tem o perfil e conhecimentos para desempenhar o mais alto cargo do sistema das Nações Unidas", disse Cavaco que espera que "tal seja reconhecido pelos países da comunidade internacional".
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"Em Portugal é muito difícil encontrar outra personalidade que mais tenha lutado pela dignificação da pessoa humana".
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