Livre quer esquerda a "despertar" antes das autárquicas e sugere listas conjuntas
Na sequência dos maus resultados eleitorais, Rui Tavares apela a uma "reflexão grande" à esquerda. Mas apela a que essa reflexão "não seja longa" e permita oferecer alternativas nas eleições autárquicas para travar o Chega. Listas conjuntas são uma das sugestões do Livre.
O Livre alertou esta quarta-feira para a necessidade de a esquerda "despertar" antes das eleições autárquicas que vão acontecer ainda este ano, para travar o crescimento da extrema-direita em Portugal. O porta-voz do Livre, Rui Tavares, sugere que a esquerda deve unir-se e apresentar mesmo listas conjuntas em alguns municípios, sobretudo naqueles onde o Chega ficou em primeiro lugar.
"Estas eleições foram um sinal de alarme. A esquerda e o campo progressista e ecológico devem despertar e fazer o que estiver ao seu alcance para que haja, na maior parte possível dos concelhos onde a extrema-direita ficou à frente, listas progressistas nas quais os eleitores progressistas e democráticos saibam que podem votar", referiu Rui Tavares, à saída de uma reunião com o Presidente da República, onde discutiram os resultados das eleições legislativas de domingo e a formação do novo Governo.
Apesar de o Livre ter sido uma das grandes surpresas da noite eleitoral – tendo conseguido aumentar a sua bancada parlamentar de quatro para seis deputados –, para Rui Tavares a vitória teve um sabor "agridoce". A esquerda foi a grande derrotada da noite, com a direita a dominar o hemiciclo. O partido de Rui Tavares, que há um ano ficou aquém dos 200 mil votos, ultrapassou a marca dos 250 mil nestas eleições, ficando à frente da CDU (coligação que junta PCP e PEV) e do Bloco de Esquerda.
"Estou a propor que haja uma reflexão grande, com uma amplitude histórica, mas que não seja longa. Com o calendário que temos, essa reflexão deve ocorrer durante estes próximos meses de junho, no máximo julho, porque as listas têm de estar fechadas nessa altura", salientou Rui Tavares.
Sobre o anúncio da Iniciativa Liberal de que irá avançar com um projeto para rever a Constituição, Rui Tavares defendeu que, depois de umas eleições "extremadas" em que o Chega ameaça ultrapassar o PS (faltam ainda apurar os resultados da emigração para desfazer o empate entre Chega e PS), esta "não é uma legislatura para fazer uma revisão constitucional", já que pode ser um passo para o "abismo". "Já sabíamos que a IL gosta de motosserras, agora sabemos que gosta também de mandar gasolina para o fogo", atirou.
Para que a revisão constitucional avance, são precisos dois terços do Parlamento. Rui Tavares sublinha que, para tal, será preciso que a AD e o Chega se unam para aprovar essa revisão, sendo que esta será a primeira vez que deixará de existir um acordo entre "centro-direita e centro-esquerda". Face a isso, recomenda que as emendas à Lei Fundamental que venham a ser aprovadas abranjam "três quartos do Parlamento", incluindo os partidos à esquerda.
"Senão for assim, vamos ter basicamente o fim do regime saído do 25 de Abril, que sempre teve revisões constitucionais entre o centro-esquerda e centro-direita", disse.
Mais lidas