pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque

Subir salário mínimo para 850 euros? Esquerda apoia, direita fecha a porta e PS diz "nim"

Proposta do PCP para aumentar salário mínimo nacional para 850 euros esteve esta quinta-feira em debate no Parlamento. BE, PCP, PEV e PAN falam em "imperativo social e económico", mas direita alerta para impactos negativos da pandemia nas empresas. PS não se compromete.

assembleia da república AR parlamento
assembleia da república AR parlamento João Cortesão
30 de Setembro de 2021 às 19:21

O aumento do salário mínimo nacional dividiu posições esta quinta-feira o debate no Parlamento. À proposta do PCP para que o salário mínimo suba para os 850 euros, a esquerda respondeu afirmativamente, considerando-o um "imperativo social e económico", mas à direita acenou-se com a concertação social e a pandemia.

"A proposta que aqui apresentamos é uma proposta estrutural na valorização económica e social do país, bem como na valorização do trabalho e dos trabalhadores", defendeu Diana Ferreira, na Assembleia da República, durante o debate sobre o projeto de resolução do PCP que recomenda ao Governo o aumento do salário mínimo para 850 euros

Para o PCP, a valorização do salário mínimo nacional é "determinante" para inverter o processo de "injustiça, pobreza e agravamento da exploração" em Portugal. "Não há país desenvolvido sem valorização dos salários", referiu Diana Ferreira, sublinhando que os aumentos salariais influenciam o consumo interno e dinamização da economia".

BE, PEV e PAN acompanham proposta

O Bloco de Esquerda considera que o salário mínimo atual é "demasiado baixo" porque os portugueses levam para casa "592 líquidos por mês". "Dá para muito pouco", assinalou o deputado bloquista José Soeiro. Com a proposta de aumento para 850 euros, os trabalhadores receberiam, pelo menos, 750 euros líquidos por mês.

Para José Soeiro, o aumento do salário mínimo é "um imperativo social e económico" para reajustar o "profundo desequilíbrio que existe entre capital e trabalho". Os 750 euros prometidos pelo Governo para 2023 são "o mínimo" para os bloquistas, que querem "ir mais longe". 

O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) sublinhou que "os baixos salários em nada contribuíram para a dinamização da economia, promoção do aumento do poder de compra nem para a melhoria das condições de vida das famílias". "Ter emprego não é por si condição para sair da pobreza", referiu José Luís Ferreira, líder parlamentar do PEV, argumentando que o salário mínimo "vale hoje menos do que vivia em 1974".

O PAN acompanha também a proposta do PCP, mas destacou no debate que é preciso olhar para o "salário médio", que "tem sido esquecido pela esquerda". A revisão dos escalões do IRS é uma das medidas apoiadas pelo PAN, mas o partido alerta que é preciso evitar que haja um "achatamento do ordenado médio ao ordenado mínimo". 

Direita vota contra e acusa PCP de violar Constituição

Pelo PSD, a deputada Ofélia Ramos destacou a "coerência" do PCP por "todos os anos repetir as mesmas iniciativas independentemente da conjuntura". Dada a crise provocada pela covid-19, o PSD considera que voltar a propor um aumento do salário mínimo para 850 euros "tira seriedade e crediblidade ao PCP". 

BE, PEV e PAN acompanham proposta

O Bloco de Esquerda considera que o salário mínimo atual é "demasiado baixo" porque os portugueses levam para casa "592 líquidos por mês". "Dá para muito pouco", assinalou o deputado bloquista José Soeiro. Com a proposta de aumento para 850 euros, os trabalhadores receberiam, pelo menos, 750 euros líquidos por mês.

O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) sublinhou que "os baixos salários em nada contribuíram para a dinamização da economia, promoção do aumento do poder de compra nem para a melhoria das condições de vida das famílias". "Ter emprego não é por si condição para sair da pobreza", referiu José Luís Ferreira, líder parlamentar do PEV, argumentando que o salário mínimo "vale hoje menos do que vivia em 1974".

O PAN acompanha também a proposta do PCP, mas destacou no debate que é preciso olhar para o "salário médio", que "tem sido esquecido pela esquerda". A revisão dos escalões do IRS é uma das medidas apoiadas pelo PAN, mas o partido alerta que é preciso evitar que haja um "achatamento do ordenado médio ao ordenado mínimo". 

"É preciso uma avaliação séria e rigorosa", defendeu a deputada do PSD, sublinhando que é preciso "cumprir a Constituição", que obriga a que as propostas de aumento de salários sejam discutidas em concertação social. O PSD acusou ainda os comunistas de trazerem o tema a debate no Parlamento para criar "a ilusão de que são responsáveis pelo aumento dos salários". 

"Propor um aumento desta ordem de grandeza numa altura em que o país enfrenta uma crise desta dimensão é um ato irresponsável e desfasado da realidade", referiu Ofélia Ramos.

O CDS-PP levantou-se também para contestar a proposta, afirmando que "reduzir a discussão aos bons que têm vontade de aumentar o salário mínimo e aos maus que não querem, é reduzir esta discussão ao absurdo e ao irracional". "O aumento do salário mínimo cabe à concertação social, onde estão as empresas e os trabalhadores", referiu.

Já o presidente e deputado único do Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, defendeu que "a verdadeira injustiça" é a elevada carga de impostos que os contribuintes têm de pagar. "Um português que paga o salário mínimo  paga 25% do que ganha ao Estado, entre contribuições e impostos diretos", disse. Para os liberais, a redução da "burocracia, custos de contexto e impostos" devem ser prioridades para devolver rendimentos aos portugueses. 

"Nim" do PS incomoda PCP

Sem revelar o sentido de voto (a proposta é votada esta sexta-feira no Parlamento), o PS sublinhou que, entre 2015 e 2021, "o salário mínimo nacional aumentou 32%, ou seja, 160 euros mensais e 2.310 euros por ano". "Em 2023, quando o salário mínimo for estabelecido em 750 euros, o aumento acumulado face a 2015 será de 50%. O que representa, mensalmente, mais 245 euros e, anualmente, mais 3.430 euros", referiu o deputado do PS Fernando José.

"Garantindo o futuro no rumo certo, o Governo ouvirá os parceiros sociais para definir o salário mínimo nacional, ao mesmo tempo que procura um acordo de médio prazo sobre salários e rendimentos, garantindo uma trajetória positiva para os rendimentos de todos os trabalhadores e famílias", sinalizou o PS.

Em resposta aos socialistas, o PCP diz que o "nim" à proposta "não augura nada de bom" no que toca à valorização de salários. "Têm tempo até amanhã para refletir o caminho que querem seguir", referiu Diana Ferreira, salientando ainda que "são os trabalhadores que produzem a riqueza que é depois distribuída nos salários".

Ver comentários
Publicidade
C•Studio