Ucrânia: Bulgária assume controlo de refinaria da Lukoil para impedir que financie guerra

"Nem um cêntimo deve destinar-se à guerra na Ucrânia. Esse é o objetivo das sanções", declarou o primeiro-ministro búlgaro, Rosen Zhelyazkov, numa conferência de imprensa em Sófia, indicando que o parlamento já aprovou na sexta-feira uma lei que autoriza a nomeação do administrador.
Bulgária assume controlo de refinaria da Lukoil
MAXIM SHIPENKOV LUSA_EPA
Lusa 16:37

O Governo búlgaro anunciou esta segunda-feira que vai nomear um administrador para gerir a única refinaria de petróleo da Bulgária, do gigante russo Lukoil, sob sanções norte-americanas, para impedir que financie a guerra na Ucrânia.

"Nem um cêntimo deve destinar-se à guerra na Ucrânia. Esse é o objetivo das sanções", declarou o primeiro-ministro búlgaro, Rosen Zhelyazkov, numa conferência de imprensa em Sófia, indicando que o parlamento já aprovou na sexta-feira uma lei que autoriza a nomeação do administrador.

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Zhelyazkov referiu que a nova administração -- que pode ser mais que uma pessoa -- terá poder para dirigir a Lukoil e mesmo vender os seus bens na Bulgária, incluindo a refinaria de Burgas, que abastece a quase totalidade do mercado búlgaro de combustíveis, bem como a rede de transportes, depósitos de armazenamento e gasolineiras da refinaria.

O primeiro-ministro adiantou que o Governo está a considerar vários nomes para o cargo e que a decisão será anunciada assim que a lei entrar em vigor, depois da publicação em Diário da República, prevista para os próximos dias.

Zhelyazkov confirmou também medidas de segurança adicionais na refinaria e imediações, como sistemas antidrones e vigilância reforçada.

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"São medidas preventivas. Mesmo antes das sanções, já se tinham registado incidentes em refinarias europeias pertencentes a empresas russas. O nosso objetivo é proteger as infraestruturas essenciais do país", afirmou o primeiro-ministro búlgaro, sem especificar a que incidentes se referia.

As sanções impostas pelos Estados Unidos à Lukoil e à Rosneft vão entrar em vigor a 21 de novembro e poderão provocar a suspensão temporária das operações da refinaria, causando receio de uma potencial crise de abastecimento.

O Governo búlgaro garantiu que o país tem reservas de combustível para 90 dias e o funcionamento da refinaria, em princípio, não será afetado, uma vez que todo o crude importado já não é de origem russa.

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A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - na sequência do fim da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já causou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.

No plano diplomático, a Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões -- Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre aderir à NATO.

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Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, exige um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.

Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.

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