Volkswagen: "Falhas sistemáticas" originaram escândalo de emissões

A culpa não foi só de alguns funcionários. O grupo admite não ter conseguido controlar vários aspectos do processo produtivo. E vai agora criar mecanismos para que escândalos como o que agora enfrenta não se repitam.
Matthias Müller Volkswagen
Bloomberg
Wilson Ledo 10 de Dezembro de 2015 às 13:23

A Volkswagen admitiu, pela primeira vez, que o escândalo de emissões poluentes resultou de "falhas sistemáticas" dentro da empresa e não apenas da conduta de alguns funcionários.

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Numa conferência de imprensa realizada em Wolfsburgo esta quinta-feira, 10 de Dezembro, o grupo admitiu três pontos fracos que originaram o maior escândalo em 78 anos de história: má conduta de colaboradores, falhas em processos de controlo e uma atitude de tolerância face ao incumprimento de regras.

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Os resultados das investigações a decorrer na VW demonstraram que existiu "conduta errónea e falhas pessoais de alguns trabalhadores". "O principal problema é que as responsabilidades não estavam suficientemente claras", confessou o "chairman" Hans Dieter Pötsch. Por isso mesmo, o grupo irá aplicar um sistema electrónico para controlar a actividade individual de cada trabalhador.

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Chairman da Volkswagen

As investigações vão continuar a decorrer. Até ao momento, os auditores externos já analisaram 102 terabytes de dados, o que equivale a 50 milhões de livros. A VW deu indicação aos trabalhadores para que não apaguem qualquer conteúdo dos seus dispositivos electrónicos.

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A companhia diz-se determinada a identificar os responsáveis por esta crise, embora continue a acreditar que este seja um número reduzido. "Essas pessoas vão ser levadas à justiça", assegura Pötsch. Por envolvimento com o caso já foram suspensos nove gestores.

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O CEO Matthias Müller (na foto) insiste que não há motivos para preocupações no que respeita a postos de trabalho, afirmando que "segurança no trabalho, empregos estáveis, é fundamental". Mas a lógica não se aplica ao pessoal temporário: eles são "uma forma de garantir a flexibilidade".

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Nesta fase, há uma prioridade bem definida. "Ganhar de volta a confiança é a nossa maior prioridade e o nosso maior desafio", traça Pötsch, depois de dois meses "sem precentes" no grupo. O "chairman" acredita que defender a posição de mercado da VW não vai ser "tarefa fácil".

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O plano estratégico segue assim no sentido de prestar apoio aos clientes afectados pelo escândalo e pela renovação da estrutura da VW.

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O escândalo de manipulação de emissões foi descoberto em Setembro, levando o grupo a admitir ter instalado dispositivos para adulterar os níveis de emissões de óxido de azoto (NOx) em 11 milhões de carros em todo o mundo.

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Em Novembro, a VW anunciava uma segunda vaga: havia 800 mil carros, incluindo a gasolina, com emissões de dióxido de carbono (CO2) manipuladas. Esta semana, o grupo fez um novo balanço e revelou que afinal este novo patamar do caso não era tão grave como previsto. As irregularidades de CO2 foram encontradas em apenas 36 mil carros.

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Que soluções foram encontradas?

O regulador alemão, o KBA, avaliou positivamente a proposta do grupo para reparar 8,5 milhões de carros a gasóleo nos países europeus. A chamada às oficinas arranca em Janeiro de 2016. Matthias Müller admite que a correcção nos Estados Unidos da América, levará mais tempo devido às leis mais apertadas ao nível de emissões poluentes.

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Questionado sobre a aplicação de vales de compensação aos clientes europeus, depois de a medida ter sido aplicada nos Estados Unidos, Müller assegura que o grupo irá disponibilizar "pacotes adequados" em cada mercado. Tal inclui compensações para a redução nos valores de revenda dos veículos.

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A Volkswagen irá ainda aplicar testes de emissões em contexto de estrada, acompanhados por auditores internos e externos ao grupo.

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Que activos serão vendidos?

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A Volkswagen anunciou um plano para poupar mil milhões de euros anuais, fazendo face ao escândalo. Mas nessa poupança não está prevista a alienação de activos, depois da imprensa internacional ter noticiado a possibilidade de venda de algumas das 12 marcas do grupo, garante Müller. Por agora, será vendido o avião Airbus da própria companhia.

 

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Que alterações na administração?

A alteração dos membros que compõem a actual gestão e, consequentemente, da cultura corporativa do grupo é uma das prioridades. A reestruturação deverá estar concluída em 2017.

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