A grande "farra" chinesa na Europa
Pequim dizia-se vítima do imperialismo. Agora tem uma posição imperialista. Hoje aumentou o seu império na Europa, ao garantir a compra de 21,35% da EDP.
O empenho colocado em controlar empresas europeias tem como objectivo alimentar a mudança do paradigma de crescimento da economia chinesa, até agora baseado em mão-de-obra barata e produtos de baixo valor acrescentado, absorvendo os conhecimentos e as tecnologias.
A Three Gorges apresentou mesmo a melhor proposta para a compra da eléctrica portuguesa, numa privatização que parecia estar condenada a ser disputada por alemães e brasileiros. O mesmo empenho deverá ser colocado pela também chinesa State Grid, na corrida à aquisição da REN.
Com um excedente de reservas em moeda estrangeira avaliado em 2,3 triliões de euros, a aposta na Europa é classificada pela revista "Time" como a última "farra gastadora" da China, a qual foi antecedida por investimentos em África e na América do Sul, para garantir acesso ao petróleo, ao gás, ao ferro, ao cobre e outros metais estratégicos. A compra de posições nas participadas da Repsol e da Galp no Brasil pode ser incluída neste último quadro. Já aquisições como as da Volvo ou da Medion mostram que "Pequim está sobre pressão para fazer a transição das indústrias básicas e de manufactura para um nível superior de produtos e serviços" assinala a "Times".
"A ascensão da China oferece uma forma de organização económica que é fundamentalmente diferente do actual sistema financeiro internacional. Pode ser designado por ‘capitalismo de Estado", sublinhou George Soros, em Outubro de 2009, durante um conjunto de palestras na Universidade da Europa Central, em Budapeste, Hungria.
A presença chinesa provoca alguma ansiedade na Europa, só mitigada pela sua opulência financeira. Como assinala George Soros "a China está demasiado habituada a ver-se como vítima do imperialismo para perceber que está a começar a ter uma posição imperialista."
EDP - Portugal
21,35% da eléctrica portuguesa
Galp - Portugal
Petróleo
• 30% da participada portuguesa no Brasil.
• Posição comprada pela Sinopec por 3,6 mil milhões de euros.
Repsol - Espanha
Petróleo
• 40% da participada da empresa espanhola no Brasil.
• Posição comprada pela Sinopec por 5,5 mil milhões de euros.
Elkem - Noruega
Materiais de silicone
• Comprada pela Blue Star por 1,5 mil milhões de euros.
Porto de Piréu - Grécia
Transportes marítimos
• Entregue à Cosco em regime de “leasing” por 3,8 mil milhões de euros.
BorsodChem - Hungria
Química
• Posição de 38%.
• Comprada pela Wanhua por dois mil milhões de euros.
Chateau de viaud - França
Vinhos
• Comprado pela COFCO por 11,5 milhões de euros.
Medion - Alemanha
Computadores
• Posição de 40%
• Comprada pela Lenovo por 514 milhões de euros.
Volvo - Suécia
Automóvel
• Comprada pela Geely por 1,1 mil milhões de euros.
Total investido
• 18,1 mil milhões de euros
Mais lidas