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Novas saídas de executivos expõem desafios de gestão no império de Elon Musk

As saídas recentes na Tesla e na xAI voltam a expor os desafios de Elon Musk em equilibrar inovação, pressão financeira e retenção de talentos estratégicos no setor tecnológico.

Novas saídas de executivos expõem desafios de gestão no império de Elon Musk
Novas saídas de executivos expõem desafios de gestão no império de Elon Musk Evan Vucci / AP
14:15

Elon Musk enfrenta um momento delicado na gestão do seu vasto conglomerado de empresas, que inclui a Tesla, a SpaceX, a xAI e a rede social X, que empregam mais de 140 mil pessoas. Nos últimos meses, um número significativo de executivos abandonou os respetivos cargos de liderança, revelando tensões internas associadas a uma cultura de trabalho intensa, mudanças estratégicas repentinas e à crescente politização do empresário.

De acordo com o , a Tesla perdeu quadros de topo em áreas centrais como vendas, baterias, motorização, assuntos públicos e tecnologia da informação. Entre as saídas mais relevantes estão Drew Baglino, responsável pela divisão de energia e "power-train", Rohan Patel e Hasan Nazar, ligados à área de políticas públicas, bem como David Zhang, gestor dos lançamentos do Model Y e do Cybertruck. Também Rebecca Tinucci, líder da rede de supercarregadores, deixou a empresa após Musk dissolver a equipa, tendo-se juntado à . No campo da robótica, Milan Kovac, responsável pelo projeto Optimus, e Ashish Kumar, chefe da equipa de IA do mesmo programa, que seguiu para a Meta, juntaram-se à lista de baixas mais recentes.

A vaga incluiu ainda nomes associados a projetos estratégicos, como Daniel Ho, diretor do cancelado veículo elétrico de baixo custo NV-91, que se mudou para a Waymo, e Vineet Mehta, veterano da Tesla há 18 anos, considerado essencial para a área de baterias. Em paralelo, Omead Afshar, gestor de operações na América do Norte e braço direito de Musk, foi afastado após uma , seguido pelo seu adjunto Troy Jones.

A instabilidade não se limita à Tesla. A xAI, startup de inteligência artificial criada em 2023 e integrada na rede X este ano, também enfrenta forte rotatividade. O diretor financeiro, Mike Liberatore, abandonou o cargo após três meses para se juntar à OpenAI, enquanto o conselheiro geral, Robert Keele, saiu ao fim de 16 meses. O cofundador Igor Babuschkin também se demitiu recentemente para criar uma empresa dedicada à segurança em IA. , a xAI dispensou ainda cerca de 500 anotadores de dados numa reestruturação, apostando em “tutores especializados”.

Outras saídas de peso atingiram a rede social X após a fusão com a xAI. Linda Yaccarino, CEO da plataforma, renunciou em julho de 2025, frustrada com a centralização de decisões por Musk. Executivos como Haofei Wang (engenharia de produto) e Patrick Traughber (pagamentos e produto de consumo) também se afastaram, enquanto engenheiros de infraestrutura como Uday Ruddarraju e Michael Dalton foram recrutados pela OpenAI, segundo o Financial Times. 

Vários antigos colaboradores apontam para uma cultura organizacional marcada por horários extenuantes, descritos como uma “campanha política permanente”, com mais de 100 horas semanais de trabalho. A pressão terá aumentado com a ascensão do ChatGPT, intensificando a rivalidade com . Segundo o , disputas internas sobre segurança e metas financeiras acentuaram as tensões entre Musk e executivos da xAI, precipitando muitas saídas.

As mudanças estratégicas também geraram descontentamento. O cancelamento do NV-91, um veículo elétrico de baixo custo pensado para mercados emergentes, foi interpretado como um desvio da missão ambientalista da Tesla. Simultaneamente, cortes em programas como a rede de supercarregadores reforçaram a perceção de instabilidade.

A dimensão política tem igualmente desempenhado um papel importante. Musk tem intensificado a sua presença em debates polarizados e a sua , por exemplo, como o no início do mandato e a figuras da direita radical nos EUA e na Europa. Segundo o Financial Times, vários executivos reconheceram desconforto com essa postura, relatando dificuldades em conciliar a imagem pública do empresário com a sua vida pessoal e familiar. Giorgio Balestrieri, ex-responsável da Tesla em Espanha, chegou a afirmar publicamente que Musk causou “enorme dano à missão da Tesla e às instituições democráticas”.

Apesar da onda de saídas, a Tesla insiste que continua a ser uma referência no setor. Robyn Denholm, presidente do conselho de administração, afirmou ao Financial Times que a empresa mantém-se “um íman para talento” e destacou a capacidade interna de formar novos líderes.

Contudo, a instabilidade preocupa investidores e analistas. Existem receios de que a constante reorganização interna possa atrasar projetos estratégicos como o desenvolvimento de robotáxis e fragilizar a posição da Tesla e da xAI perante concorrentes como a OpenAI

As ações da Tesla terminaram a sessão de segunda-feira com uma subida de 0,61% para os 443,21 dólares. Neste terça-feira, antes da abertura de mercado, as ações estão a cair 0,70%.

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