A produção na União Europeia (UE) de produtos químicos – como borracha, plástico, tintas, fertilizantes e fármacos – diminuiu 15% na última década, segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat. A UE produziu um total de 224 milhões de toneladas de produtos químicos em 2024, o que corresponde a um ligeiro aumento face a 2023, mas é significativamente inferior ao observado há dez anos. 

Os dados do Eurostat mostram que a produção de produtos químicos industriais na UE atingiu o "pico" em 2007, tendo nesse ano sido produzidos 301 milhões de toneladas desse tipo de produtos no conjunto dos 27. A crise financeira e económica iniciada em 2008 fez com que a produção de químicos caísse significativamente e atingisse o nível mais baixo até então em 2009. Seguiu-se uma recuperação em 2010 e, em 2017, houve, pela primeira vez na última década, um aumento expressivo de mais de 10 milhões de toneladas. 

A partir de 2018, a produção total de produtos químicos voltou a cair, sendo que essa tendência apenas foi invertida em 2021 e agora em 2024. No ano passado, a produção aumentou 6,3% em comparação com o ano anterior. 

A produção de substâncias químicas perigosas para a saúde na UE foi de 172 milhões de toneladas no ano passado, o que reflete uma redução de 16% face ao observado em 2014. Por outro lado, a produção de substâncias químicas perigosas para o ambiente atingiu 66 milhões de toneladas, menos 11% do que nos dez anos anteriores. Todavia, o Eurostat nota que essas duas subcategorias de substâncias químicas perigosas "sobrepõem-se".

O Eurostat divide ainda os produtos químicos em três subgrupos: substâncias mais nocivas à saúde humana (que podem causar cancro, mutações genéticas, danos reprodutivos, disfunção endócrina, danos em órgãos com exposição repetida a baixos níveis ou sensibilidade respiratória); substâncias que preocupam a saúde humana (que podem causar cancro, mutações genéticas, danos reprodutivos, disfunção endócrina, danos em órgãos com exposição aguda ou repetida em níveis moderados ou sensibilidade da pele); e substâncias perigosas para a saúde humana (que representam riscos agudos por meio de contacto com a pele, inalação ou exposição dérmica, e podem causar irritação ou corrosão na pele e nos olhos).

A produção de substâncias mais nocivas à saúde humana diminuiu de forma constante ao longo do anos, tendo passado de 55 milhões de toneladas em 2004 para 45 milhões de toneladas em 2024. Já as substâncias de maior preocupação tiveram uma redução de 27 milhões de toneladas para 19 milhões em igual período, enquanto as outras substâncias perigosas tiveram uma diminuição "particularmente notável", de 154 milhões de toneladas para 109 milhões, o que "reflete esforços mais abrangentes em diversos tipos de produtos químicos para reduzir a produção de substâncias perigosas". 

A autoridade estatística europeia salienta que a evolução da produção nos três subgrupos analisados é "consistente com uma mudança significativa na indústria, apoiada por iniciativas regulamentares e legislativas da UE, incluindo a estratégia para a sustentabilidade dos produtos químicos, que visam promover a produção de alternativas não perigosas em detrimento das substâncias perigosas". "Isto demonstra o compromisso contínuo da UE em promover práticas químicas mais seguras e sustentáveis, salvaguardando simultaneamente a saúde pública e o ambiente", diz.

Por outro lado, o consumo de produtos químicos na UE foi de 232 milhões de toneladas em 2024, o que representa uma diminuição de 18% face a 2014. O consumo de produtos químicos nocivos à saúde foi de 170 milhões de toneladas em 2024, o equivalente a uma redução de 22% em comparação com a década anterior. Já o consumo de produtos químicos perigosos para o ambiente, por sua vez, totalizou 53 milhões de toneladas, o que corresponde a uma queda de 32% em relação a 2014.