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Ensino especializado em 2017: focos de atenção

Universidades em 10 anos segundo Daniel Bessa

03 de Dezembro de 2007 às 11:50

Estudantes mais velhos e com mais qualificação

É um dos desafios do início do novo milénio: aumentar a idade média dos alunos, através de maior oferta de cursos ao longo da vida e de maior facilidade no acesso para quem tem mais de 23 anos. Resultados em 2017: a idade média dos alunos sobe. "É normal que surjam politécnicos e universidades que se apercebem que esta opção de se dedicar a estes públicos pode ser estrategicamente importante. A idade média dos novos públicos será superior à actual e isso será muito importante. E é muito importante para a universidade, que atrai um público com grande maturidade", refere José António Sarsfield Cabral. "As melhores escolas comunicam, como factor de diferenciação, a experiência dos alunos", conclui Daniel Bessa, ao destacar a importância dos mais velhos.

Sociedade civil ganha peso com lei de 2007

É uma das leis mais polémicas do sector: o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), que entrou em vigor a partir de Outubro de 2007. Alcibíades Guedes diz que o RJIES aproxima o modelo de governo das instituições portuguesas daquele que é praticado no universo anglo-saxónico, já que a nova lei impõe que o órgão de topo das escolas deve incluir personalidades de reconhecido mérito da sociedade civil.  "As empresas e outras entidades passam a ter algo que dizer na definição estratégica das instituições, com os respectivos benefícios", reforça Alcibíades Guedes. O director da EGP acredita ainda que a tendência é para diminuir o financiamento estatal das instituições e para crescer o impacto do financiamento competitivo.

Ensino em inglês afirma-se nas salas de aula

O ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, já admitiu recentemente que o futuro passa por ofertas pós-graduadas leccionadas exclusivamente em inglês. Para os especialistas, é uma inevitabilidade de passar a concorrer no espaço europeu. Dentro de 10 anos, o inglês vai ser mais ouvido nas salas de aula. "Nas áreas mais competitivas, em que o que se discute é a excelência – ou seja, um aluno vem Portugal se nós formos melhores e ponto final –, evidentemente que nessas áreas tem que se ensinar em inglês, caso contrário não se pode competir", justifica Daniel Bessa. "A questão do inglês pode ser importante para a atracção de alunos estrangeiros, sobretudo quando estamos a falar dos segundos e terceiros ciclos", completa José António Sarsfield Cabral.

MIT europeu pode estar em velocidade cruzeiro

É um dos projectos mais ambiciosos da Comissão Europeia presidida por Durão Barroso: criar algo próximo de um MIT europeu. Em 2015, o Instituto Europeu de Tecnologia, tal como se chama, estará supostamente em actividade cruzeiro (se tudo correr bem) e com orçamento anual entre 1,5 e 2 mil milhões de euros. Ainda assim, afirma Daniel Bessa, até é bom sinal se não houver um MIT europeu em 2017. "É preciso tempo e paciência. O MIT construiu-se ao longo de dezenas de anos. Não é possível construir algo assim numa década", indica. "É possível dar os passos certos, iniciar o caminho que deve ser percorrido e, depois, dar tempo e ter paciência. Andar depressa é uma coisa, querer que as coisas ocorram antes do tempo é outra".

Empresas e universidades com maior cumplicidade

A maior proximidades entre as escolas e as empresas tem dado sinais em 2007. Dentro de uma década, e após "uma tendência de aproximação natural", Sarsfield Cabral prevê uma interligação mais eficaz. "As universidades não podem ser ilhas isoladas do resto do mundo. Necessariamente, em função do que vai ser sua missão no futuro, seja mais virada para a investigação, seja mais inclinada para a formação, a ligação ao exterior é essencial", diz. "À excepção do MBA ‘full time’, o cliente será cada vez mais a empresa e menos alunos individuais", analisa Daniel Bessa, ao referir-se ao ensino da gestão. "Há uma escola brasileira com quem trabalhamos cujos clientes são apenas as empresas", conta ainda Daniel Bessa, ao identificar uma estratégia possível.

Ensino de gestão centra-se em cursos à medida das empresas

O mercado actual já apresenta alguns dos sinais que fazem prever o que aí vem. "Todas as escolas portuguesas que estão na área já perceberam que onde o mercado cresce é na formação avançada não conferente de grau", avança Daniel Bessa. A tendência dominante esperada em 2017, na eventualidade de o mercado seguir a linha actual, é o reforço do que já acontece agora: "As empresas vêm ter connosco e querem cursos adaptados, mais próximos das suas necessidades. É a área em maior crescimento e com mais procura", remata Daniel Bessa.

Mais alunos estrangeiros dos países que falam português

O Processo de Bolonha pressupõe a criação de um espaço de mais fácil circulação ao nível do ensino superior europeu. Mas, dentro de uma década, a luta que agora se inicia – vislumbrar quem tem maior capacidade de atracção – está a dar passos mais decisivos. "Temos um desafio de internacionalização. Temos que ser mais internacionais. Tanto a pôr alunos lá fora, como a atrair alunos estrangeiros", diz José António Sarsfield Cabral, a lançar a "batalha". Daniel Bessa diz que a África de expressão portuguesa deve ser tomada com particular carinho em 2017. Sarsfield Cabral completa: "Numa primeira fase, talvez não sejam os ingleses a vir. Talvez os asiáticos. Mas temos um enorme filão por explorar, nomeadamente nos países de expressão portuguesa".

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