Juros franceses agravam após nomeação de Lecornu. Já há quem aponte o ouro aos 3.800 dólares
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta quarta-feira.
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Juros franceses mantêm-se próximos dos italianos após nomeação de Lecornu
A “yield” das dívidas soberanas europeias negoceiam esta quarta-feira com movimentos mistos, numa sessão marcada pela reação à nomeação de Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro francês, anunciada na terça-feira. A decisão de Emmanuel Macron surge em plena crise política e orçamental, apenas um dia depois da queda do governo de François Bayrou.
A esta hora, a rendibilidade da dívida francesa a dez anos agrava-se em 0,1 pontos-base para 3,468% e mantém-se ainda em linha com a italiana, que alivia 0,8 pontos-base para 3,467%. Ontem, os juros gauleses tinham ultrapassado os italianos pela primeira vez, reflexo da instabilidade política em Paris.
Já os juros das “bunds” alemãs, referência para a Zona Euro, caem 1 ponto-base para 2,647%. Em Portugal, os juros da dívida a dez anos recuam 0,6 pontos para 3,069%, enquanto em Espanha a taxa desce 1 ponto para 3,233%.
No Reino Unido, os juros das “gilts” a dez anos avançam marginalmente 0,1 pontos-base para 4,623%.
Dólar continua firme antes de dados da inflação nos EUA
O dólar mantém-se firme esta quarta-feira, com os investidores à espera dos dados de inflação norte-americanos que poderão definir a dimensão dos cortes de juros da Reserva Federal já na próxima semana. A esta hora, o Dollar Index Spot soma 0,06% para 97,84 pontos, depois de ter avançado 0,30% na véspera.
Segundo a Reuters, os mercados dão como certo um corte de 25 pontos base na reunião de 16 e 17 de setembro, atribuindo apenas 5% de probabilidade a uma descida mais agressiva de 50 pontos base. “O patamar para um corte de 50 pontos é elevado. Seria necessária uma clara surpresa em baixa na inflação para justificar essa opção”, comentou Kieran Williams, da InTouch Capital Markets.
No mercado cambial, o euro cede 0,05% para 1,1702 dólares, depois de uma queda de 0,5% na sessão anterior, enquanto o iene sobe 0,08%, com o dólar a negociar em 147,53 ienes. A libra esterlina desce ligeiramente 0,04% para 1,3523 dólares. O franco suíço regista uma descida ligeira, com o dólar a avançar 0,06% para 0,7980 francos.
Ouro mantém-se perto de máximos com apostas em cortes da Fed e foco na inflação
O ouro segue em alta esta quarta-feira, sustentado pelas expectativas de cortes de juros pela Reserva Federal já este mês e pela procura acrescida por ativos de refúgio num contexto de tensões geopolíticas.
A esta hora, o ouro valoriza 0,52% para 3.645,46 dólares por onça, enquanto a prata recua 1,32% para 41,58 dólares. Já a platina avança 1,26% para 1.392,12 dólares.
O metal precioso aproxima-se de novos recordes depois de ter tocado os 3.674 dólares na sessão anterior, com os investidores a avaliarem os dados laborais norte-americanos que apontaram para uma revisão em baixa de 911 mil empregos, reforçando o cenário de abrandamento económico. Os mercados aguardam agora os números de inflação dos EUA, com a divulgação do índice de preços no produtor esta quarta-feira e do índice de preços no consumidor na quinta-feira, que deverão orientar a decisão da Fed na reunião da próxima semana.
A Reuters sublinha que os investidores estão a precificar um corte de 25 pontos-base na reunião de setembro, atribuindo apenas 6% de probabilidade a uma redução mais agressiva de 50 pontos base, segundo o CME FedWatch. “O sentimento é claramente positivo para o ouro, mas o mercado está tecnicamente em sobrecompra e pode corrigir caso os dados de inflação surpreendam em alta”, comentou Kyle Rodda, analista da Capital.com, citado pela agência.
O ouro já acumula uma valorização próxima dos 40% em 2025, apoiado em compras recorde dos bancos centrais, no enfraquecimento do dólar e nas incertezas provocadas tanto pela agenda tarifária de Donald Trump como pela escalada de tensões no Médio Oriente. Segundo analistas da ANZ citados pela Bloomberg, os riscos crescentes no mercado laboral deverão levar a Fed a manter a trajetória de cortes até 2026, prevendo um preço de 3.800 dólares por onça no final do ano.
Petróleo sobe com tensões no Médio Oriente e ameaça de tarifas de Trump
O petróleo segue em alta esta quarta-feira, sustentado pela subida do prémio de risco geopolítico após o ataque israelita a Doha e pela pressão do Presidente norte-americano, Donald Trump, para que a União Europeia imponha tarifas sobre compradores de crude russo. O movimento, no entanto, continua limitado pelas expectativas de excesso de oferta no mercado.
A esta hora, o Brent avança 0,87% para 66,97 dólares por barril, enquanto o WTI ganha 0,94% para 63,22 dólares.
Os preços registam a terceira sessão consecutiva em alta, após Israel ter assumido a responsabilidade pelo bombardeamento que visou a liderança do Hamas em Doha, o primeiro desde o início do conflito e que ameaça comprometer as negociações de paz mediadas pelos EUA. O episódio reavivou os receios de perturbações na região, responsável por cerca de um terço da oferta mundial de crude.
Contudo, a reação do mercado foi contida: os preços chegaram a disparar quase 2% logo após a ofensiva, mas perderam força depois de Washington assegurar ao Qatar que a operação não se repetirá e perante sinais de fragilidade da procura global. Analistas da OANDA citados pela agência Reuters alertam para o risco de interrupções pontuais no fornecimento, mas sublinham que o impacto imediato na produção foi nulo.
Trump aumentou ainda a pressão diplomática ao instar a União Europeia a aplicar tarifas de 100% a compradores de petróleo russo, incluindo a China e a Índia, numa tentativa de forçar Moscovo a negociar com Kiev. Até agora, Washington só sancionou Nova Deli, poupando Pequim. De acordo com a Bloomberg, o plano é visto como difícil de aplicar, dado o bloqueio de alguns Estados-membros da UE a sanções energéticas adicionais.
No entanto, a perspetiva de sobreoferta continua a pesar e tem limitado um avanço mais significativo nos preços do petróleo. A OPEP+ decidiu aumentar gradualmente a produção já em outubro e, segundo um relatório do governo dos EUA, os inventários globais deverão crescer ainda neste trimestre, mais cedo do que o antecipado. Para a Reuters, este fator mantém o crude “vulnerável a quedas adicionais”, mesmo que as tensões geopolíticas sustentem ganhos de curto prazo.
Índices asiáticos fecham em alta com impulso das tecnológicas. Futuros europeus avançam
Os índices asiáticos fecharam a sessão a valorizar, à medida que as ações de tecnologia voltaram a impulsionar os ganhos, assim como as expectativas de que a Reserva Federal (Fed) norte-americana reduza as taxas de juros para conter a desaceleração sentida no mercado de trabalho. O índice MSCI Ásia-Pacífico está agora a negociar a menos de 2% do seu último recorde estabelecido em 2021. Os futuros europeus apontam para uma abertura em alta, com o Eurostoxx 50 a avançar 0,30%.
Entre os principais índices chineses, o Shanghai Composite subiu 0,35%. Já o Hang Seng de Hong Kong ganhou 1,30%. Pelo Japão, o Nikkei valorizou 0,78% e o Topix subiu 0,61%. As ações na Coreia do Sul estavam a caminho de um fecho recorde, com o Kospi da Coreia do Sul a subir mais de 1,60% e a fechar perto de máximos históricos.
As cotadas do setor tecnológico, incluindo a Taiwan Semiconductor Manufacturing (+2,08%) e a Tencent Holdings (+1,81%), lideraram os ganhos depois de as ações da Oracle terem atingido um novo recorde, após a empresa ter divulgado previsões positivas para o seu negócio de “cloud”.
Pela Coreia do Sul, a Samsung (+1,68%) e a SK Hynix (+5,47%) impulsionaram o principal índice do país. O Kospi já subiu mais de 38% até agora este ano.
Na China, os preços sobre o consumidor caíram 0,4% em agosto, em termos homólogos, após permanecerem estáveis no mês anterior. Esta foi a quinta vez que se registou uma pressão deflacionária sobre os preços este ano, à medida que a segunda maior economia mundial apresenta sinais de desaceleração.
Os investidores estarão agora atentos à possibilidade de uma ação conjunta dos EUA e da União Europeia para pressionar a Rússia a participar nas negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia. O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que está preparado para se juntar ao bloco para impor novas tarifas abrangentes à China e à Índia — principais compradores de petróleo russo — e também afirmou que planeia discutir a relação comercial entre Washington e Nova Deli com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi “nas próximas semanas”.
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