Rafael Mora defende que gestores brasileiros não sabiam da aplicação da PT na Rioforte
O administrador da PT SGPS em representação da Ongoing justifica a mudança de opinião com o facto de a Oi ter realizado um aumento de capital de urgência de 750 milhões de euros na PT Portugal no final de Agosto.
Rafael Mora, administrador da PT SGPS em representação da Ongoing, justificou esta segunda-feira porque mudou de opinião no espaço de um mês sobre se os gestores brasileiros da Oi sabiam ou não que a PT SGPS tinha aplicado 900 milhões de euros em dívida da Rioforte.
O gestor considera agora que estes gestores que estavam representados na administração da PT não saberiam desta aplicação financeira, uma vez que foi só no final de Agosto que aprovaram um aumento de capital de 750 milhões de euros na PT Portugal, quando em Maio tinham feito um outro de 1,25 mil milhões de euros.
Esta posição de Rafael Mora surge num direito de resposta a uma notícia do Público de sábado, que dava conta que Rafael Mora mudou num mês a posição crítica face aos gestores da Oi.
O jornal dá conta que no início de Agosto, já depois da falência da Rioforte, que gerou uma perda de 897 milhões de euros para a Portugal Telecom, Rafael Mora criticou os responsáveis do grupo brasileiro Oi, que se mostraram surpreendidos pelo apoio financeiro da operadora portuguesa ao Grupo Espírito Santo (GES).
Rafael Mora argumenta agora que "qualquer pessoa, com princípios e com humildade, pode, perante novos factos e informações, mudar de opinião". Esses novos factos foram apurados na auditoria da PwC ao investimento da PT em dívida da Rioforte.
O gestor da Ongoing, empresa que é uma das maiores accionistas da PT SGPS e tem assento na administração da Oi, começa por lembrar que "após o aumento de capital, a 5 de Maio, a Oi enviou recursos financeiros à PT Portugal, seu activo desde essa data, para satisfazer um conjunto de dívidas consignadas no prospecto de aumento de capital no montante de 1.250 milhões de euros".
Acrescenta depois que "no final de Agosto de 2014", a Oi foi "confrontada com o facto da PT Portugal não ter dinheiro para pagar o vencimento do convertível (no montante de 750 milhões de euros)", pelo que o conselho de administração da empresa brasileira, "bom urgência, teve de convocar um Conselho de Administração para fazer um novo aumento de capital na PT Portugal, no montante de 750 milhões de euros, para poder pagar o convertível".
"Essa foi a razão que motivou a minha mudança de opinião: se em Maio os accionistas de referência da Oi soubessem das aplicações em títulos da Rioforte, da respectiva renovação e ainda dos 855 milhões de dívida adicional, em vez de terem enviado para a PT Portugal os 1.250 milhões, teriam logo enviado 2.000 milhões", argumenta.
O facto de os gestores brasileiros da Oi saberem ou não da aplicação da PT na Rioforte é relevante pois foi este facto que levou a uma alteração nos termos da combinação de negócios entre a PT e a Oi, que baixou a posição que os accionistas da empresa portuguesa terão na futura CorpCo para cerca de 25%.
Esta alteração foi já aprovada pelos accionistas da PT SGPS. Para hoje está convocada uma assembleia geral em que os accionistas da PT são chamados a deliberar sobre a venda da PT Portugal por parte da Oi. Mas a AG deve ser suspensa, pois a CMVM entende que os accionistas precisam de mais informação para deliberar sobre este assunto.
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