Visit Azores diz que Ryanair está a fazer "pressão" e que saída não está fechada

"É apenas uma forma e uma ferramenta que utilizam na negociação, porque, na verdade, continua-se a conversar com a companhia. Não está completamente fechado", adiantou Luís Capdeville Botelho.
Daniel Karmann/AP
Lusa 14:15

O presidente da Visit Azores, responsável pela promoção turística dos Açores, considerou esta quinta-feira o como uma "forma de pressão negocial", alertando que o processo não está "completamente fechado".

Com "este tipo de comunicado da Ryanair, nós, infelizmente, já estamos habituados. É a forma como fazem a sua pressão negocial dentro das conversações que vão fazendo nas regiões onde atuam", afirmou Luís Capdeville Botelho à agência Lusa.

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A Ryanair anunciou hoje que vai encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias e "a inação do Governo".

O presidente do conselho de administração da Visit Azores adiantou que a associação "mantém o contacto" com a Ryanair e insistiu que a posição da companhia aérea de baixo custo é uma forma de "fazer pressão" à ANA e ao Governo da República.

"Ainda hoje já tive oportunidade de falar com eles [Ryanair]. É como lhe disse. É uma forma de fazer pressão sobre a ANA - Aeroportos relativamente às taxas e ao Governo central com as taxas que vêm por obrigação da União Europeia. Nada mais do que isso", avançou.

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Luís Capdeville Botelho lembrou que, em setembro, a Ryanair também emitiu um comunicado a anunciar a intenção de "reabrir a base em Ponta Delgada" e realçou que a saída da companhia dos Açores não é um processo "completamente fechado".

"É apenas uma forma e uma ferramenta que utilizam na negociação, porque, na verdade, continua-se a conversar com a companhia. Não está completamente fechado", adiantou.

Ressalvando tratar-se "apenas de uma posição negocial", o responsável pela associação que gere a promoção turística dos Açores considerou que o mercado tem capacidade para se "adaptar à procura" mesmo num "cenário mais catastrófico".

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Capdeville Botelho recordou que no inverno em 2023, quando a Ryanair reduziu 65% da sua operação nos Açores, o arquipélago registou um "crescimento de dormidas e hóspedes".

"É uma forma de pôr pressão cá fora. Especialmente nesta altura do ano. Não será inocente o 'timing' da comunicação. Acho que não é motivo, neste momento, de real preocupação. É apenas uma forma de fazer pressão num momento específico do ano", reforçou.

A Ryanair argumenta que "infelizmente, o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores", acrescentando que a ANA "não enfrenta concorrência em Portugal -- o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização -- numa altura em que aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para estimular o crescimento".

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A companhia defende que o Governo "deve intervir e garantir" que os aeroportos nacionais, "uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores, sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês".

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