Caso Archegos: Procuradora argumenta que Bill Hwang tentou enganar toda a Wall Street
O fundador do "family office" Archegos Capital, Sung Kook "Bill" Hwang tentou enganar toda a Wall Street - é a afirmação da procuradora federal norte-americana no ínicio do julgamento do homem cuja ação, em 2021, chegou a merecer a designação de "momento Lehman" por parte de "traders" da capital financeira.
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A "gota de água" para a Archegos foi uma venda de ações, por parte da ViacomCBS, em março de 2021, que levou o preço dos títulos da empresa a afundar.
A Archegos Capital, de 36 mil milhões de dólares, que detinha blocos massivos de ações, incluindo da ViacomCBS, num valor superior a 20 mil milhões de dólares foi chamada, pelos bancos com quem mantinha os acordos de derivados - Goldman Sachs, Morgan Stanley, Wells Fargo, UBS, Credit Suisse e Nomura - a reforçar o colateral exigido pelas suas posições (margens) adquiridas através de instrumentos alavancados, como os "swaps" ou CFD (contract for difference). Só que não tinha liquidez suficiente para fazer face a essas obrigações.
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Os bancos acabaram por vender os títulos através dos quais estavam sustentados os "swaps" e incorrer em elevados prejuízos.
Embora os investidores que acumulem participações acima de 5% numa empresa cotada nos Estados Unidos geralmente tenham de divulgar a sua posição e transações futuras, tal não se aplica no caso de participações montadas com derivados - nomeadamente CFD, produtos altamente alavancados que permitem assumir posições muito maiores do que o capital aplicado - usados pelo Archegos.
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Estes produtos, desenvolvidos fora de bolsa, permitem que gestores como Hwang acumulem participações em empresas cotadas em bolsa sem ter que declarar as posições.
Agora, o equivalente ao ministério público nos Estados Unidos argumenta que o colapso do Archegos causou perdas superiores a 100 mil milhões de dólares aos acionistas de empresas do portfólio, onde se contavam a Baidu e a ViacomCBS, e que a Hwang e o Archegos mentiram aos bancos de Wall Street para se financiarem com milhares de milhões de dólares que depois usaram para inflacionar o preço das ações.
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"Bill Hwang era um multimilionário e ainda assim arriscou quase tudo porque queria mais: mais dinheiro, mais sucesso, mais poder", disse a procuradora adjunta, Alexandra Rothman.
Do lado oposto, o advogado de Hwang, Barry Berke, afirmou que o seu cliente acumulou capital em empresas que acreditava e negociou como se estivesse preparado a perder tudo. "A razão pela qual ele o fez foi porque teve a coragem das suas convicções", disse.
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As audições do caso poderão durar até oito semanas.
Os procuradores federais argumentam que o responsável do Archegos terá usado CFDs para acumular participações em várias cotadas sem de facto deter as ações. Só que as posições eram de tal dimensão que levaram a uma valorização das ações. No seu auge, defendem os procuradores, a Archegos chegou a ter 36 mil milhões de dólares em ativos e uma exposição de 160 mil milhões ao mercado acionista.
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Bill Hwang e o seu CFO, Patrick Halligan, são acusados de extorsão conspiracionista . Hwang enfrenta mais 10 acusações de fraude e manipulação de mercado e Halligan mais duas acusações de fraude. Cada acusação tem uma possibilidade de sentença máxima de 20 anos.
É esperado que os advogados do multimilionário coreano argumentem que os procuradores estão a exagerar tentando passar uma narrativa de manipulação do mercado e que o regulador financeiro dos EUA, a SEC, falhou em demonstrar como o "familly office" incorreu em ilegalidades.
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