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Associação de investidores pede esclarecimentos à CMVM sobre OPA à Greenvolt

No prospeto da oferta, a KKR, através da GV Investor, disse já ter informado a empresa liderada por Manso Neto de que considera a possibilidade de converter as obrigações em ações, se ocorrer uma alteração do controlo até ao final da oferta.

João Manso Neto CEO da Greenvolt
João Manso Neto CEO da Greenvolt Pedro Catarino
22 de Dezembro de 2023 às 16:58

A Associação de Investidores e Analistas Técnicos (ATM) pediu esta sexta-feira à CMVM que sejam dados esclarecimentos adicionais sobre a oferta, geral e voluntária, lançada pela Kohlberg Kravis Roberts (KKR) à Greenvolt.

O fundo Gamma Lux, com sede no Luxemburgo, que é gerido pela KKR, lançou formalmente "uma oferta pública geral e voluntária de aquisição da totalidade das ações" da Greenvolt, foi comunicado esta quinta-feira.

No prospeto da oferta, a KKR, através da GV Investor, disse já ter informado a empresa liderada por Manso Neto de que considera a possibilidade de converter as obrigações em ações, se ocorrer uma alteração do controlo até ao final da oferta.

Em janeiro, a Greenvolt tinha anunciado um acordo com a KKR para a emissão de obrigações no valor de 200 milhões de euros, com maturidade de sete anos, passíveis de serem convertidas em ações da empresa, com vista a um "crescimento mais acelerado" da energética.

"[...] Requer-se que a CMVM ordene a oferente a prestar ao mercado os esclarecimentos tidos por convenientes em relação ao valor mínimo da contrapartida perante a possibilidade de converter as obrigações convertíveis em ações a 10 euros antes de finda a oferta e relativamente ao eventual direito de aquisição potestativo", lê-se numa carta enviada pela ATM ao presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa.

Para a ATM o preço de conversão, fixado em 10 euros, deve ser considerado na contrapartida da oferta pública de aquisição, em linha com o que está definido no Código dos Valores Mobiliários (CVM), "caso essa conversão de facto ocorra durante a pendência da oferta".

Por outro lado, lembram que, no anúncio preliminar, o oferente informou que "se em resultado da presente oferta [...] vier a deter 90% ou uma percentagem superior dos direitos de voto correspondentes ao capital social da sociedade visada, a oferente exercerá o direito de aquisição potestativa", que está previsto no artigo 194.º do CVM.

"É certo que o artigo 194 do CVM fixa como requisito ao direito de aquisição potestativa apenas que o oferente, direta ou indiretamente, atinja ou ultrapasse 90% dos direitos de voto correspondentes ao capital social até ao apuramento dos resultados da oferta", sublinhou.

Contudo, referiu que o mesmo artigo está em "manifesta violação" com o direito da União Europeia.

A associação citou ainda a diretiva europeia 2004/25, defendendo que a mesma foi "transposta incorretamente para o direito interno" e, por isso, "à luz da jurisprudência dominante do Tribunal de Justiça da União Europeia, produz diretamente os seus efeitos".

Neste sentido, a associação notou que importa que a oferente esclareça em que termos, à luz da diretiva europeia em causa, pertence exercer o eventual direito de aquisição potestativa.

"A ATM, diretamente, ou por via de qualquer um dos seus associados, equaciona responsabilizar a oferente e eventualmente a CMVM pela falta de adequação do anúncio preliminar [...] e do prospeto, caso o mesmo não preencha os requisitos de qualidade da informação", concluiu.

A oferta lançada é geral e voluntária, mas após a compra das ações, no âmbito dos contratos de compra e venda celebrados com os acionistas vendedores, "será imputável ao oferente uma percentagem superior a 50% do capital social e direitos de voto inerentes a tais ações", segundo a informação remetida ao mercado na quinta-feira.

Consequentemente, a mesma oferta será "convolada de voluntária em obrigatória", adiantou.

As aquisições só deverão estar concluídas a partir de 31 de maio de 2024, após aprovação por parte da Autoridade da Concorrência Portuguesa e dos homólogos da Roménia, da Irlanda, do Reino Unido e da Alemanha, indicou a mesma nota.

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