Europa fecha dividida. Resultados das cotadas e crise política em França centraram atenções
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta quinta-feira.
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Europa fecha dividida. Resultados das cotadas e crise política em França centraram atenções
Os principais índices europeus fecharam a sessão desta quinta-feira entre ganhos e perdas, com os investidores a avaliarem uma agenda movimentada de apresentação de resultados das cotadas, à medida que acompanharam os últimos desenvolvimentos políticos em França.
O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa – cedeu 0,20% para os 553,67 pontos.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX caiu 0,03%, o espanhol IBEX 35 ganhou 0,34%, o italiano FTSEMIB valorizou 0,23%, o francês CAC-40 subiu 0,24%, o holandês AEX perdeu 0,47%. Já o britânico FTSE 100 desvalorizou 0,42%.
As fabricantes de automóveis do Velho Continente contiveram maiores perdas para os índices, depois de dados terem mostrado que as vendas de automóveis novos na União Europeia aumentaram 7,4% em julho face ao mesmo mês de 2024, atenuando a ligeira queda acumulada de 0,7% nos primeiros sete meses do ano, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pela Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA).
Entre os setores, o automóvel (+0,63%) registou mesmo a segunda maior valorização, apenas atrás dos recursos naturais (+0,72%), impulsionado por ganhos de empresas como a Stellantis (+0,51%), a Mercedes-Benz (+0,84%), a BMW (+0,78%) e, entre outras, a Ferrari (+0,81%). Por outro lado, o imobiliário (-1,27%) e as telecomunicações (-0,96%) lideraram as perdas.
“O consumidor europeu continua a mostrar-se resiliente”, disse à Bloomberg Patrick Armstrong, diretor de investimentos da Plurimi Wealth.
As ações europeias perderam gás esta semana depois de o primeiro-ministro francês, François Bayrou, ter pedido um voto de confiança. A crise política que se avizinha levou mesmo a analista Beata Manthey do Citigroup a baixar a classificação das ações francesas para “neutras” na quinta-feira. A justificação para tal é que as possíveis eleições legislativas antecipadas poderão implicar, na ótica da analista, uma queda de 5% nas avaliações do mercado de ações do país.
O primeiro-ministro francês irá submeter-se a um voto de confiança no Parlamento já no dia 8 de setembro, à medida que enfrenta resistência política e social referente ao plano orçamental para o ano de 2026. Nesta linha, a aritmética parlamentar aponta para um chumbo da votação, com os partidos de esquerda e a extrema-direita a confirmarem a rejeição da moção de confiança.
Bayrou confirmou na quarta-feira que vai convocar os líderes dos partidos para uma reunião a 1 de setembro, num gesto interpretado como uma tentativa de evitar uma provável queda do Governo.
Ainda assim, especialistas citados pela Bloomberg sublinharam que é improvável que o risco político francês prejudique aquele que está a ser o melhor ano para o Stoxx 600 em relação ao S&P 500 em quase duas décadas.
Entre os movimentos do mercado, a Delivery Hero caiu quase 6% depois de ter reduzido a sua previsão de lucros para o ano inteiro. Já a Pernod Ricard subiu 1,37%, após a fabricante de bebidas ter divulgado vendas orgânicas para o quarto trimestre que superaram a estimativa dos analistas.
Entre algumas das cotadas com maior capitalização bolsista na Europa, a LVMH subiu 2,21%, a Siemens avançou 1,65% e o Santander pulou 2,88%.
Juros das dívidas soberanas europeias caem. França registou maior alívio
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro fecharam com alívios em toda a linha nesta quinta-feira. Depois de fortes agravamentos no início da semana provocados pela incerteza política que se volta a viver França, a rendibilidade da dívida francesa acabou por ter hoje a maior queda entre os seus pares.
Os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, aliviaram 1,1 pontos-base, para 3,133%. Em Espanha a "yield" da dívida com o mesmo vencimento caiu 2,5 pontos, para 3,292%.
Os juros da dívida soberana italiana, com a mesma maturidade, cederam 3,6 pontos, para 3,535%.
Por sua vez, a rendibilidade da dívida francesa aliviou 4,1 pontos-base para 3,475%. Já os juros das "bunds" alemãs, referência para a região, caíram 0,7 pontos para 2,691%.
Desta forma, o prémio de risco da dívida francesa em relação à alemã acabou por diminuir, depois de ontem ter chegado a ultrapassar os 80 pontos-base - o mais alto desde janeiro. Agora, este prémio de risco fixa-se em cerca de 78 pontos.
Fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas, também a dez anos, seguiram a mesma tendência e aliviaram 3,5 pontos-base, para 4,698%.
Dólar cai com investidores à espera de cortes de juros em setembro
O dólar está a perder terreno esta tarde, à medida que cresce entre os investidores a expectativa de que a Reserva Federal (Fed) dos EUA reduzirá as taxas diretoras já no próximo mês, depois de o presidente da Fed de Nova Iorque, John Williams, ter sinalizado abertura para tal.
O índice do dólar – que mede a força da divisa norte-americana face às principais rivais – sobe 0,21% para os 98,428 pontos.
A "nota verde" tem sofrido pressões renovadas devido à campanha do Presidente Donald Trump para exercer mais influência sobre as decisões de política monetária do banco central do país. Além disso, a tentativa do republicano de demitir a governadora da Fed Lisa Cook – que apresentou hoje um processo em tribunal contra Trump -, também tem tido influência na desvalorização do dólar.
A esta hora o dólar cede 0,29% para os 146,990 ienes.
A "nota verde" segue igualmente a desvalorizar em relação ao euro, mesmo depois de o primeiro-ministro francês ter pedido inesperadamente, na passada segunda-feira, uma votação de confiança para o próximo mês, que provavelmente resultará na queda do seu governo minoritário.
A moeda única valoriza 0,27% para os 1,167 dólares. Já a libra avança 0,07% para os 1,351 dólares.
Noutros movimentos, o dólar chegou a cair para o seu nível mais baixo em relação ao yuan offshore da China desde novembro, estando a esta hora a negociar com uma desvalorização de 0,45%, para 7,122 yuan no mercado offshore.
Petróleo recua com fim da época de viagens nos EUA e retoma de fornecimentos russos
Os preços do petróleo voltam a cair esta quinta-feira, pressionados pelas perspetivas de menor procura de combustível nos Estados Unidos com o fim da época de viagens de verão e pela retoma dos fluxos russos através do oleoduto Druzhba.
A esta hora, o Brent recua 0,90%, para 67,44 dólares por barril, enquanto o WTI desliza 1,03%, para 63,49 dólares.
A fraqueza do mercado contrasta com a sessão anterior, quando os preços tinham subido após os dados oficiais mostrarem uma queda de 2,4 milhões de barris nas reservas de crude norte-americanas na semana terminada a 22 de agosto, acima da descida prevista de 1,9 milhões, sinal de procura robusta.
No entanto, analistas consideram que a aproximação do feriado do Dia do Trabalhador nos EUA, que marca o final da época de maior consumo de gasolina, deverá pesar nos preços. “Este fim de semana marca o encerramento da época de condução e a gasolina esteve longe de ser a solução esperada em termos de procura”, afirmou John Evans, da corretora PVM. “As razões de curto prazo para apoiar os preços do petróleo estão a diminuir”, acrescentou, sublinhando também o impacto da retoma do Druzhba.
A companhia húngara MOL e o ministro da Economia da Eslováquia confirmaram esta quinta-feira que o fornecimento de crude através do oleoduto foi restabelecido, após uma interrupção causada por um ataque ucraniano em território russo na semana passada.
Apesar das pressões negativas, o mercado mantém-se atento ao aumento das tensões entre Moscovo e Kiev. A Ucrânia denunciou um ataque russo com drones contra infraestruturas energéticas em seis regiões, que deixou mais de 100 mil pessoas sem eletricidade.
Ouro atinge máximo de mais de um mês com dólar em queda e foco na inflação dos EUA
O ouro está a subir esta quinta-feira para o valor mais alto em mais de um mês, sustentado pelo enfraquecimento do dólar e pela expectativa em torno dos dados de inflação nos Estados Unidos. A esta hora, a cotação do metal amarelo sobe 0,37%, para 3.409,90 dólares por onça, o nível mais elevado desde 23 de julho, segundo a Reuters.
Os investidores aguardam a divulgação, na sexta-feira, do índice de preços das despesas de consumo (PCE), a medida de inflação preferida da Reserva Federal. Um valor acima do esperado poderá reforçar o dólar e pressionar o ouro, enquanto dados mais brandos tendem a sustentar o metal precioso.
“A surpresa em alta fortaleceria o dólar e aumentaria os rendimentos da dívida, pesando sobre o ouro. O oposto poderá abrir espaço para uma Fed mais ‘dovish’”, comentou Ricardo Evangelista, analista sénior da ActivTrades, citado pela Reuters.
No mercado, a expectativa de um corte de 25 pontos-base na reunião de setembro da Fed é superior a 87%, de acordo com o CME FedWatch Tool. O ouro, que não gera rendimento, tende a beneficiar num ambiente de taxas de juro mais baixas.
Entre outros metais preciosos, a prata valoriza 0,95%, para 39,59 dólares por onça, enquanto a platina avança 0,06%, para 1.349,10 dólares.
Wall Street negoceia com maioria dos índices no verde. S&P 500 bate novo recorde
Os principais índices do lado de lá do Atlântico negoceiam com uma maioria de ganhos esta quinta-feira, depois de a divulgação de importantes dados económicos, incluindo uma leitura preliminar do PIB norte-americano, ter mostrado que a maior economia mundial terá crescido no segundo trimestre do ano.
O S&P 500 avança 0,11% para os 6.488,46, fixando um novo máximo histórico, depois de ontem já ter superado o anterior recorde. Já o tecnológico Nasdaq Composite soma 0,28% para os 21.651,66 e o Dow Jones recua 0,10% para 45.518,96 pontos.
Na véspera da divulgação do indicador de inflação preferido da Fed – o índice de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla inglesa) -, dados mostraram que os EUA cresceram no segundo trimestre a um ritmo ligeiramente superior ao inicialmente estimado, devido a uma recuperação nos investimentos empresariais e a um impulso extraordinário do comércio.
As estimativas do Gabinete de Análise Económica dos EUA mostram que a economia norte-americana terá crescido a uma taxa anual de 3,3% no segundo trimestre de 2025, uma forte recuperação em relação à contração de 0,5% no primeiro trimestre. O valor fica ligeiramente acima da primeira estimativa que apontava para um crescimento de 3%.
Noutros dados, os pedidos iniciais de subsídio de desemprego nos EUA diminuíram em 5 mil pedidos em relação ao pico de oito semanas registado na semana anterior, para um total de 229 mil na semana terminada a 23 de agosto. O número ficou abaixo das expectativas do mercado, que apontavam para um total de 230 mil pedidos.
No plano empresarial, a Nvidia – que apresentou ontem resultados do segundo trimestre fiscal de 2026 - segue a negociar com um ligeiro ganho de 0,30%. Apesar de os lucros da empresa mais valiosa em bolsa terem crescido, em termos homólogos, 59% para mais de 26 mil milhões de dólares, e as receitas terem disparado 56% para mais de 43 mil milhões, o “guidance” dado acabou por desiludir os analistas.
Para já, os investidores continuam a monitorizar os comentários de alguns dos membros da Fed numa tentativa de perceber se os decisores de política monetária estão inclinados para avançar com um corte dos juros diretores já na reunião de setembro, sendo que o governador do banco central Christopher Waller deverá prestar declarações ainda esta quinta-feira.
Ainda nesta linha, a governadora da Fed Lisa Cook processou o Presidente norte-americano, Donald Trump, depois de o republicano ter mostrado intenção de demitir Cook, avança a Bloomberg.
Entre os movimentos do mercado, a CrowdStrike segue a avançar quase 2% a esta hora, depois de ter divulgou resultados sólidos. Ainda assim, a empresa de cibersegurança falhou as estimativas dos analistas para as vendas no atual trimestre.
Já a HP divulgou uma previsão de lucros para o trimestre atual em linha com as expectativas do mercado, mas os investidores continuam preocupados com o impacto da incerteza económica e dos custos mais elevados associados às políticas comerciais de Trump no crescimento da empresa, que valoriza mais de 5% esta tarde.
Entre as restantes “big tech”, a Alphabet ganha 0,45%, a Microsoft avança 0,50%, a Meta sobe 0,28%, a Apple valoriza 0,0043% e a Amazon soma 0,60%.
Taxas Euribor sobem nos prazos de três, seis e 12 meses
As taxas Euribor subiam esta quinta-feira nos prazos de três, seis e 12 meses relativamente ao dia anterior. A taxa a três meses subiu 0,015 pontos para 2,047%, o que compara com os 2,032% de quarta-feira, mas mesmo assim mantém-se abaixo das taxas a seis (2,062%) e 12 meses (2,101%).
A taxa Euribor a seis meses, que em janeiro do ano passado passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu esta quinta-feira 0,007 pontos, para 2,069%, contra 2,062% na quarta-feira.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a junho indicam que a Euribor a seis meses representava 37,74% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,28% e 25,58%, respetivamente.
A Euribor a 12 meses seguiu a tendência e avançou 0,014 pontos para 2,115%, o que compara com 2,101% na véspera.
Na última reunião de política monetária, em 24 de julho, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas diretoras, como antecipado pelos mercados e depois de oito reduções das mesmas desde que a entidade iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.
Enquanto alguns analistas antecipam a manutenção das taxas diretoras pelo menos até ao final deste ano, outros preveem um novo corte, de 25 pontos base, em setembro.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 10 e 11 de setembro em Frankfurt.
Em julho, as médias mensais da Euribor inverteram a tendência dos últimos meses e subiram ligeiramente nos dois prazos mais curtos, mas de forma mais acentuada a seis meses.
A média da Euribor em julho subiu 0,002 pontos para 1,986% a três meses e 0,005 pontos para 2,055% a seis meses.
Já a 12 meses, depois de se ter mantido em junho, a média da Euribor desceu ligeiramente em julho, designadamente 0,002 pontos para 2,079%.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Resultados "desapontantes" da Nvidia deixam Europa ilesa. CAC-40 avança mais de 1%
As principais praças europeias arrancaram a sessão desta quinta-feira maioritariamente em alta, com Londres e Amesterdão a serem as únicas a não acompanhar esta tendência otimista. Os ganhos na Europa seguem-se aos resultados mistos por parte da Nvidia, a cotada mais valiosa do mundo, que, apesar de ter visto os seus lucros acelerarem e a superarem as expectativas no segundo trimestre, acabou por apresentar um "guidance" que desiludiu os investidores.
A esta hora, o Stoxx 600 avança 0,34% para 556,62 pontos. Paris lidera os ganhos entre os pares da região, ao acelerar 1,09% e a diminuir as perdas semanais para cerca de 2%. No início da semana, o CAC-40, principal índice gaulês, apagou mais de 3% do seu valor, depois de o primeiro-ministro do país ter apresentado uma moção de confiança à Assembleia Nacional - um movimento que deve acabar com o colapso do Governo e deve mergulhar França numa nova crise política.
A nível setorial, a indústria automóvel é a que regista o melhor desempenho esta manhã, após novos dados terem indicado que o mercado europeu de novos carros registou o maior crescimento em mais de um ano no mês passado. Fabricantes de veículos como a Volkswagen, a Porsche e a Stellantis avançam entre 1% e 3% esta manhã.
Por sua vez, o setor tecnológico está a conseguir resistir aos resultados "mornos" da Nvidia. Apesar de a tecnológica antecipar um desaceleramento no crescimento para o terceiro trimestre, pondo em causa as reações mais eufóricas nas ações das fabricantes de semicondutores, os investidores continuam relativamente confiantes de que o "rally" ligado à inteligência artificial ainda tem pernas para andar.
As ações europeias arrancaram a semana com o "pé esquerdo", isto depois de a iminente crise política em França ter lançado choques por todo o continente. O banco norte-americano Citi decidiu reduzir a recomendação das ações gaulesas para "manter", com os analistas a afirmarem que a queda do Governo poderia levar a desvalorizações no CAC-40 em torno dos 5%.
Entre as principais movimentações de mercado, a Pernod Ricard dispara 7,33% para 106,30 euros, depois de os resultados da empresa francesa especializada no fabrico e distribuição de vinhos e outras bebidas alcoólicas terem demonstrado resiliência nas receitas, apesar do "ambiente económico e geopolítico incerto", como afirmou o seu CEO, Alexandre Ricard.
Nos resultados por praça, o alemão DAX avança 0,47%, o espanhol IBEX 35 ganha 0,46%, enquanto o italiano FTSEMIB valoriza 0,62%. Já o holandês AEX recua 0,15% e o britânico FTSE 100 cede 0,07%.
Dólar na defensiva à espera da Fed. Euro estável apesar de crises políticas
O dólar continua com dificuldades a afirmar-se contra os seus principais rivais. Num dia marcado por movimentações tépidas no mercado cambial, os investidores encontram-se a reagir às mais recentes declarações do governador da Reserva Federal (Fed) de Nova Iorque, John Williams, que afirmou esta quarta-feira que um corte nas taxas de juro é possível - embora seja necessário esperar por novos dados económicos.
A esta hora, o euro negoceia na linha d'água com ganhos de apenas 0,01% para 1,1640 dólares, enquanto a libra cai 0,03% para 1,3494 dólares. Por sua vez, a "nota verde" cede 0,12% para 147,25 ienes, numa altura em que continua sob pressão devido às tentativas de ingerência de Donald Trump na Fed. O Presidente dos EUA está determinado a aumentar a sua influência no banco central e, para isso, tem tentado retirar Lisa Cook do seu cargo, de forma a substituir este nome por um mais "dovish" (alguém que seja mais adepto de uma flexibilização monetária).
"O cerne da questão reside em saber se Trump poderá destituir Cook antes de março", altura em que os 12 presidentes dos bancos centrais terão de ser renomeados pelo conselho de governadores da Fed, escreveram os analistas do DBS numa nota acedida pela Reuters. Nesse caso, Trump poderia instalar os seus próprios candidatos, mais moderados, e, como resultado, alcançar "um ritmo mais agressivo de cortes nas taxas de juro - um em cada reunião ou até mesmo cortes 'jumbo', de 50 pontos base de cada vez", adicionaram.
A estabilidade do euro face ao dólar regista-se apesar da crises políticas que estão a assolar o Velho Continente neste momento. O Governo francês está à beira do colapso, depois de o primeiro-ministro do país ter apresentado uma moção de confiança, enquanto nos Países Baixos, apesar de o Executivo ter sobrevivido a uma moção de censura, o país encaminha-se para eleições após o fim da coligação que apoiava o Governo.
Juros aliviam na Zona Euro. "Spread" entre Alemanha e França diminui
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a aliviar esta quinta-feira. França lidera as quedas, num movimento de correção em relação ao disparo do início da semana - altura em que uma iminente crise política no país, com a apresentação de uma moção de confiança pelo primeiro-ministro gaulês que deve acabar com o colapso do Governo, levou o cupão das obrigações francesas a máximos de abril.
A esta hora, os juros da dívida soberana franceses a dez anos, a maturidade de referência, recuam 3,3 pontos base para 3,483%, enquanto a "yield" das obrigações alemãs, de referência para a região, cedem 0,4 pontos para 2,694%. O prémio de risco entre as duas dívidas situa-se agora nos 78,9 pontos base - ainda próximo de máximos de março, mas abaixo dos 80 pontos que atingiu na sessão anterior.
Nos países da Europa do sul, a tendência também é de alívio, com os juros das obrigações italianas a caírem 2,2 pontos base para 3,548% e a "yield" da dívida portuguesa a aliviar 1,7 pontos para 3,127%. Em Espanha, o cupão cai 1,9 pontos para 3,299%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas cedem 1,9 pontos para 4,714%, acompanhando os alívios registados na sessão anterior do outro lado do Atlântico, quando a "yield" das "Tresuries" norte-americanas fecharam a deslizar 1,4 pontos para 4,221%.
Ouro próximo de máximos de duas semanas. Inflação em foco
O ouro está a negociar praticamente inalterado esta manhã, próximo de máximos de duas semanas, numa altura em que o dólar continua a mostrar sinais de fragilidade e os mercados antecipam um corte nas taxas de juro já em setembro. Na sexta-feira, o indicador favorito da Reserva Federal (Fed) norte-americana vai permitir ter mais pistas sobre os próximos passos do banco central, numa altura em que o seu presidente, Jerome Powell, já admitiu ser necessário um "ajuste" na política monetária.
A esta hora, o metal amarelo recua 0,09% para 3.394,29 dólares por onça, apesar de ter tocado o valor mais elevado desde 11 de agosto durante a madrugada. "Temos boas perspetivas para o ouro devido a questões relacionadas com fundos institucionais e riscos sobre a independência da Fed», explicou Kyle Rodda, analista de mercados financeiros da Capital.com, à Reuters.
O analista refere-se às investidas de Donald Trump, Presidente dos EUA, contra o banco central, que, no início da semana, deixaram Washington e a Fed num "braço de ferro". O republicano tentou despedir uma governadora da autoridade monetária, Lisa Cook, mas a economista decidiu manter-se no cargo, reconhecendo que o líder da maior economia do mundo "não tem autoridade" para a mandar embora. Mesmo assim, os mercados ficaram preocupados com a ingerência de Trump na independência das instituições.
Na sexta-feira, o índice de preços das despesas pessoais de consumo (PCE) dos EUA deve revelar que os preços ficaram estáveis no país, mantendo-se nos 2,6% em julho, de acordo com os economistas abordados pela Reuters. Com a estabilidade da inflação, o mercado de "swaps" continua a apontar para uma probabilidade de 88% da Fed cortar as taxas de juro em 25 pontos base na próxima reunião.
Petróleo perde terreno. Investidores mais receosos com um aumento do excedente
O barril de petróleo está a negociar com perdas esta quinta-feira, encaminhando-se para registar o pior saldo mensal desde abril deste ano. Os investidores estão a digerir a nova investida dos EUA contra a Índia, com Washington a duplicar as tarifas a Nova Deli, numa altura em que crescem os receios em torno de um aumento da oferta de crude no mercado internacional - que não deve ser apanhado por um aumento da procura.
A esta hora, o West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – recua 0,78% para os 63,65 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue a desvalorizar 0,72% para os 67,56 dólares por barril. Os EUA estão empenhados em penalizar a Índia por continuar a comprar petróleo russo, apesar das sanções internacionais. Esta quarta-feira, o conselheiro sénior para o Comércio e a Indústria dos EUA, Peter Navarro, apelidou os indianos de "arrogantes" e até chamou ao conflito na Ucrânia a "Guerra de Modi", em referência ao nome do primeiro-ministro do país.
"É evidente que o principal risco de alta que paira sobre o mercado é a possibilidade de sanções mais severas contra a Rússia, juntamente com tarifas secundárias mais amplas", afirmou Warren Patterson, diretor de estratégia de commodities do ING Groep, à Bloomberg. No entanto, "a dimensão do excedente previsto significa que as perspetivas para o mercado continuam firmemente pessimistas", concluiu.
O banco norte-americano Citi reduziu as expectativas para o desempenho do Brent no mercado internacional, prevendo que o barril de petróleo possa negociar em torno dos 66 dólares este trimestre, mas acabe o ano nos 63 dólares. O terceiro trimestre deverá ser marcado por "um excesso de oferta que deve começar a exercer um impacto maior" nos preços do crude.
Resultados tépidos da Nvidia não afastam investidores da Ásia. Europa aponta para o verde
Apesar de as previsões para o resto do ano da Nvidia terem ficado abaixo das expectativas, deixando os investidores com dúvidas sobre a sustentabilidade do "rally" das ações tecnológicas, os mercados mundiais continuam intactos e sem grandes movimentações esta quinta-feira. Os principais índices asiáticos encerraram a sessão divididos entre ganhos e perdas, num dia em que a Europa aponta para uma abertura em território positivo.
"[Jensen] Huang [CEO da Nvidia] comentou com os analistas que a procura continua insaciável e que o próximo ano será outro de recordes. É provável que estes números sejam apenas um pequeno solavanco", explica Andrew Jackson, diretor de estratégia de ações japonesas da Ortus Advisors, à Bloomberg. A fabricante de "chips" encerrou o segundo trimestre do exercício fiscal de 2026, terminado a 27 de julho, com lucros de 26.422 milhões de dólares, uma subida homóloga de 59%. No entanto, o "guidance" ficou abaixo das expectativas, com a empresa a apontar para receitas no intervalo entre 52,9 mil e 55,1 mil milhões de dólares no terceiro trimestre.
A reação na Ásia indica que, apesar de os analistas terem ficado desiludidos com estas previsões, os resultados da cotada mais valiosa do mundo foram bons o suficiente para não afugentar os investidores. Pela China, o Hang Seng, de Hong Kong, encerrou a sessão a desvalorizar 1,1%, enquanto o Shanghai Composite caiu apenas 0,2%.
Mesmo com os resultados tépidos da Nvidia, o setor de "chips" chinês esteve em euforia com notícias de que a Semiconductor Manufacturing International pretende produzir o triplo de semicondutores no próximo ano. As ações da empresa chegaram a disparar mais de 12%, encerrando a sessão com ganhos de 8,27% para 60,90 dólares de Hong Kong.
Já no Japão, a sessão foi de recuperação, com o abrangente Topix a registar acréscimos de 0,64% e o Nikkei 225 a acelerar 0,70%. A Mitsubishi, que até arrancou a negociação em território negativo, acabou a ganhar 2% para 3.316 ienes, depois de a Berkshire Hathaway de Warren Buffett ter aumentado a participação na fabricante de automóveis para mais de 10%.
Nas restante praças asiáticas, o sul-coreano Kospi valorizou 0,43%, enquanto o australiano S&P/ASX 200 cresceu 0,10%. Pela Índia, o Nifty 50 chegou a ceder 0,8%, acabando a sessão com perdas de 0,37%, isto depois de as tarifas adicionais às exportações dos EUA terem entrado em vigor. A administração Trump quer penalizar o país por continuar a comprar petróleo russo, numa tentativa de aumentar a pressão sobre Moscovo para pôr fim à guerra na Ucrânia.
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