Europa recupera. Crise política em França passa despercebida
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta segunda-feira.
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Europa recupera após perdas superiores a 1%. Crise política em França passa despercebida
Os principais índices europeus abriram a sessão desta segunda-feira em alta, recuperando parcialmente das quedas do final da semana passada, depois de a mais recente escalada nas tensões comerciais entre EUA e China ter arrastado o mercado acionista para o vermelho. A correção a que se está a assistir está a ser motivada pela abertura demonstrada no fim de semana por Pequim e Washington para negociarem, com Donald Trump a afirmar que "vai ficar tudo bem" nas relações comerciais dos dois países.
A esta hora, o Stoxx 600 avança 0,44% para 566,65 pontos, depois de ter caído mais de 1% na sexta-feira. O "benchmark" está a ser impulsionado pelo setor tecnológico e das matérias primas - os dois setores que foram mais afetados pelas ameaças da administração Trump à segunda maior economia do mundo. Pela França, o CAC-40 valoriza 0,63%, apesar de o país estar novamente à beira de um impasse político, após Emmanuel Macron ter reconduzido Sébastien Lecornu como primeiro-ministro - uma decisão que a oposição promete contestar com uma moção de censura.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX avança 0,53%, o espanhol IBEX 35 acelera 0,78%, o italiano FTSEMIB valoriza 0,58%, enquanto o britânico FTSE 100 ganha 0,17% e o neerlandês AEX salta 1%.
"Mesmo que, o que é muito improvável, Lecornu permaneça no cargo por mais tempo do que na sua primeira tentativa, enfrentará uma batalha difícil para aprovar o orçamento de 2026 num parlamento dividido", explica Holger Schmieding, economista-chefe da Berenberg, à Reuters. No domingo, Macron apresentou a nova lista de ministros que vão compor o Executivo de Lecornu, onde se destaca a recondução de Roland Lescure como ministro das Finanças.
Entre as principais movimentações de mercado, a Exosens dispara 5,98% para 46,05 euros, depois de a cipriota Theon ter revelado que vai comprar uma posição na empresa francesa dedicada à produção de tecnologias eletro-ópticas avançadas.
Juros com pequenas subidas na Zona Euro. França em possível novo impasse
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro arrancaram a negociação desta segunda-feira maioritariamente com agravamentos, embora com movimentações muito reduzidas, num dia em que o mercado acionista corrige das perdas do final da semana passada e os investidores parecem não estar a ter grandes reações à recondução de Sébastien Lecornu como primeiro-ministro de França - e ao fim anunciado do seu Governo.
A esta hora, os juros das obrigações francesas a dez anos, maturidade de referência, avançam apenas 0,3 pontos base para 3,480%, enquanto a "yield" das "Bunds" alemãs com a mesma maturidade, a referência da Zona Euro, acelera 0,5 pontos para 2,648%. O novo capítulo na crise política gaulesa levou o "spread" entre as duas dívidas a máximos deste ano no rescaldo da demissão de Lecornu, ultrapassando os 89 pontos base, tendo entretanto corrigido para 83,2 pontos.
Na Península Ibérica, os juros das obrigações portuguesas a dez anos ganham 0,1 pontos base para 3,042% e os das espanholas aceleram 0,2 pontos para 3,196%. Já Itália contraria esta tendência e vê a "yield" da dívida com a mesma maturidade a cair 0,4 pontos para 3,455%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas também a dez anos desliza 0,2 pontos base para 4,671%, num dia em que o mercado obrigacionista norte-americano vai estar encerrado devido a um feriado local.
Petróleo corrige após afundar quase 4% na sexta-feira
O barril de petróleo está a recuperar das quedas avultadas registadas na sexta-feira, quando a nova ameaça de tarifas de grande magnitude por parte dos EUA à China levantou mais uma vez novas preocupações em relação à vitalidade das duas economias - e, consequentemente, em torno do consumo de crude. Também os mais recentes desenvolvimentos no Médio Oriente pressionaram os preços no final da semana passada.
A esta hora, o West Texas Intermediate (WTI) recupera das quedas e avança 1,46%, para 59,76 dólares por barril, enquanto o Brent valoriza 1,48% para 63,64 dólares, depois de terem afundado quase 4% na sexta-feira e tocado nos níveis mais baixos desde junho. A recuperação está ser motivada, em parte, pelos sinais de abertura dados por Pequim e por Washington para encetarem novas negociações, com Donald Trump a indicar que "vai ficar tudo bem com a China".
"O mercado tinha incorporado o pior cenário possível, então mesmo um tom mais suave de Trump dá espaço para o petróleo respirar", explica Haris Khurshid, diretor de investimentos da Karobaar Capital, à Bloomberg. "Mas isto parece mais uma recuperação de posicionamento do que uma mudança real. Os investidores estão apenas a cobrir as posições após a liquidação da semana passada. A menos que vejamos um progresso real nas negociações comerciais, a tendência altista provavelmente desaparecerá rapidamente", acrescenta.
Na sexta-feira, e em resposta às restrições impostas pela China em torno da exportação de terras raras, os EUA ameaçaram a nação liderada por Xi Jinping com tarifas adicionais de 100%, levando novamente a uma escalada das tensões comerciais e afastando os investidores de ativos de risco. O petróleo acabou por sair ainda mais penalizado, depois de ter passado as duas últimas semanas a ser pressionado pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) de abrir ainda mais as torneiras.
Dólar com fraca recuperação. Euro resiste a crise política em França
Ao contrário de outros ativos que estão a registar grandes recuperações, o dólar está a negociar com bastante cautela esta segunda-feira, após o recrudescimento das tensões comerciais entre EUA e China ter atirado a "nota verde" para território negativo. O "sell-off" do final da semana passada está a ser apenas parcialmente corrigido, numa altura em que os investidores têm ainda os olhos postos em França e na crise política que está a assombrar o país.
Depois de ter anunciado tarifas de 100% sobre os produtos chineses na sexta-feira, este fim de semana Donald Trump pareceu dar um passo atrás - ou pelo menos mostrou mais espaço para diálogo do que inicialmente. Na rede social Truth Social, o Presidente norte-americano afirmou que "os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la", acrescentando ainda que "tudo vai ficar bem", depois de a nação liderada por Xi Jinping ter anunciado que estava disposta a negociar.
A esta hora, o euro recua 0,08% para 1,1610 dólares, enquanto a libra cai 0,15% para 1,3340 dólares. Já a "nota verde" consegue avançar 0,75% para 152,32 ienes, numa altura em que o Japão aproxima-se de uma crise política, com o partido político Komeito a sair da coligação que tem assumido as rédeas do país - colocando Sanae Takaichi, líder do Partido Liberal Democrata, numa posição de fragilidade.
Já o euro parece estar a sair imune da crise política em França. A queda pouco expressiva da moeda única europeia esta segunda-feira acontece apesar de Emmanuel Macron ter decidido reconduzir Sébastien Lecornu como primeiro-ministro, apesar de o seu primeiro Governo ter durado apenas algumas horas. A decisão apanhou a oposição de surpresa, com a França Insubmissa a anunciar que vai apresentar uma moção de censura, que promete deixar a nação europeia novamente num impasse.
Ouro e prata tocam em novos máximos à boleia da guerra comercial
O novo capítulo nas relações comerciais entre a China e os EUA está a dar alento aos ativos de refúgio, com o ouro e a prata a conquistarem recordes sucessivos. Depois de Pequim ter anunciado novas restrições à exportação de terras raras, as tensões voltaram a escalar entre as duas maiores economias do mundo e Washington decidiu responder com a ameaça de imposição de tarifas adicionais de 100% à importação de produtos chineses - uma decisão que afastou os investidores do risco e levou-os a procurar segurança noutros ativos.
O ouro, impulsionado ainda pela perspetiva de novos cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana, ultrapassou pela primeira vez na história os 4.000 dólares por onça na semana passada e continua a somar máximos históricos. Esta madrugada, o metal precioso chegou a acelerar 1,5% e a tocar nos 4.078,24 dólares. Também a prata está a negociar em máximos, tendo chegado a saltar 2,7% para 51,70 dólares por onça esta manhã, impulsionada por fatores similares ao ouro - além de uma escassez de oferta no mercado.
Tensões comerciais atiram Ásia para o vermelho. Europa e EUA apontam para recuperação
O impacto da escalada das tensões entre China e EUA chegou à Ásia e atirou as principais praças da região para o vermelho, apesar de as perdas terem sido limitadas pela abertura do país liderado por Xi Jinping em dialogar com a administração Trump. Na sexta-feira depois do fecho da sessão asiática, e em resposta às restrições impostas por Pequim na exportação de certos produtos, onde se inclui algumas terras raras, Washington ripostou com a ameaça de tarifas adicionais de 100% a partir de 1 de novembro - e os mercados reagiram com uma hecatombe.
Tanto na Europa como nos EUA, as bolsas terminaram a última sessão da semana anterior com perdas avultadas, com o S&P 500 a cair mais de 2% e o Stoxx 600 a deslizar mais de 1%. Com o braço de ferro entre os dois países ainda a manter-se, mas com a China a mostrar espaço para dialogar com Washington, os dois "benchmarks" apontam para uma recuperação esta segunda-feira.
"Não parece uma repetição de abril, mas sim uma fase de negociações pré-comerciais antes do prazo final de novembro da trégua entre os EUA e a China", explica Anna Wu, estratega de ativos da Van Eck Associates Corp, à Bloomberg. "Se for uma manobra de negociação, as quedas mais recentes podem revelar-se uma oportunidade de compra. Mas se as tarifas entrarem realmente em vigor, uma nova onda de volatilidade e reavaliação do risco global poderá se seguir", completa Dilin Wu, estratega do Pepperstone Group, à mesma publicação.
Pela China, o Hang Seng, de Hong Kong, registou a pior sessão desde inícios de abril, ao cair mais de 2% esta segunda-feira. Também o Shanghai Composite encerrou a negociação no vermelho, embora com perdas bastante ligeiras, ao recuar apenas 0,11%. O sentimento dos investidores foi aliviado ainda por novos dados económicos, que apontam para um crescimento muito acima do esperado das exportações chinesas para outros países - subiram 8,3%, o maior valor em seis meses.
Entre as restantes praças asiáticas, o australiano ASX/S&P 200 caiu 0,68%, enquanto o sul-coreano Kospi acompanhou as perdas de Hong Kong deslizou mais de 2%. Já no Japão, espera-se uma reação a estas notícias apenas na sessão de terça-feira, uma vez que as praças do país encontram-se fechadas devido a feriado.
Ainda em destaque na negociação desta segunda-feira estará a decisão de Emmanuel Macron, Presidente de França, de reconduzir Sébastien Lecornu como primeiro-ministro do país. Apesar dos esforços para encontrar um consenso que permita avançar com um novo orçamento, é expectável que o Executivo gaulês volte a cair, com a França Insubmissa a anunciar que vai avançar com uma moção de censura contra o novo Governo.
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