Ministro das Finanças insiste num mercado laboral rígido e aponta a reformas estruturais
Joaquim Miranda Sarmento reconhece que o país ainda tem um “longo caminho” para aumentar a produtividade e acredita que o euro pode ser atrativo para os investidores como alternativa ao dólar.
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Numa altura em que se debatem alterações significativas à legislação laboral, o ministro das Finanças insiste que o mercado de trabalho em Portugal ainda é muito rígido e com necessidade de reformas estruturais.
“Ainda temos um mercado laboral muito rígido e dual e ainda temos uma baixa qualidade da despesa pública”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento no encerramento da conferência do Negócios #O Poder de Fazer Acontecer 3.0, apontando a necessidade de “prosseguir com formas estruturais.”
Considerando que Portugal está atualmente mais preparado para enfrentar choques externos, o ministro sublinhou que a economia nacional ainda tem “um longo caminho” a percorrer para aumentar a produtividade e competitividade sobretudo face aos países da coesão. Para Miranda Sarmento é com estes países que devemos comparar “porque são os nossos concorrentes diretos em atração de investimento e em exportações” e que “estão no nosso nível de desenvolvimento”, mas que podem ultrapassar Portugal.
Para o ministro das Finanças, há “estrangulamentos” nacionais que podem ser fator de perda de competitividade face a estes parceiros, como a “justiça administrativa e fiscal, um sistema fiscal complexo, o sistema fiscal com elevados custos de cumprimento e tempos de contencioso tributário demasiado longos.”
Mas também os “baixos níveis de investigação e inovação” e dimensão das empresas portuguesas, mesmo com o “salto muito grande nas exportações, que passaram de 28% do PIB em 2010 para próximo de 50%, atualmente”.
O euro como alternativa
A nível europeu, e dados os reduzidos níveis de captação de capital externo – ao contrário dos EUA – o ministro das Finanças acredita que a moeda única pode vir a tornar-se um ativo alternativo para os investidores internacionais, promovendo a capacidade de financiamento da economia europeia.
“Hoje, se excluirmos o ouro, cuja a oferta é relativamente elástica, 75% da reserva de valor mundial está em dólares”, começou por indicar Miranda Sarmento. “Um investidor que queira diversificar, que não queira ter 75% do seu investimento em dólares, precisa de um mercado que seja suficientemente grande em termos de dívida e que, simultaneamente tenha o rule of Law (Estado de Direito)”, afirmou. Duas condições que apenas os países da moeda única têm em simultâneo.
“Portanto, nós temos uma oportunidade absolutamente extraordinária, não de substituir o dólar naturalmente, mas de reforçar o papel do euro com impactos muito significativos na capacidade de financiamento dos Estados e das empresas e das famílias”, concluiu.
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