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A (in)eficácia das COP

A dimensão da pegada ambiental, em toneladas de CO2, para deslocar para este país anfitrião este elevado número de delegados, meios de comunicação social e demais participantes é um contrassenso para o propósito da própria Conferência.

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Com início no passado dia 30 de novembro, terminou ontem a 28.ª sessão da Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (comummente designada por COP28). Tendo como país anfitrião os Emirados Árabes Unidos, a COP28 realizou-se num dos seus sete emirados, o Dubai, mais propriamente na Expo City da sua capital. É, sem dúvida, um lugar deslumbrante. Com as suas diversas construções que desafiam as leis da natureza, tal como as famosas ilhas artificiais Palm Islands ou o arranha-céus Burj Khalifa com os seus imponentes 830 metros de altura, este é um lugar de sonho para visitar. Obviamente que tudo isto tem um custo associado e, neste caso, esse custo reveste-se de uma elevadíssima pegada ambiental. Sendo a indústria petrolífera um dos seus principais motores económicos, esta é, e será num futuro a médio prazo, um dos ativos que mais interessa manter para este pequeno Estado como base da sua economia. E é neste dilema que podemos encontrar algumas inconsistências no racional de promover a redução do consumo de combustíveis fósseis num país que tanto depende da exportação deste recurso. Conseguirão os delegados à Conferência ultrapassar a ofuscação da exuberância do país anfitrião em detrimento de um objetivo maior? Talvez! Possivelmente, seria mais eficaz a sua realização num dos países sistematicamente mais fustigados pelos efeitos das alterações climáticas, tal como o Bangladesh, para que os resultados se tornassem mais concretos. Nos nossos pensamentos e decisões, aplica-se o velho ditado popular, longe da vista, longe do coração. Estou certo de que em países com mais recursos financeiros, tal como os Emiratos Árabes Unidos, e consequentemente com uma melhor resiliência para a adaptação às alterações climáticas, os decisores políticos tenderão a subestimar a realidade global aquando da sua tomada de decisão.

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