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D. Manuel I e a “fuga de talentos”

Não me consta que D. Manuel I tenha escrito para Bruxelas quando percebeu que estava na iminência de uma “fuga de talentos” sem precedentes, logo ali no momento em que Portugal acabara de descobrir o caminho marítimo para a Índia, e era preciso gente para trabalhar e embarcar.

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É verdade que tentou comprar o Papa com um elefante que fazia habilidades e um rinoceronte com uma carapaça de pedras preciosas, mas acabou por recorrer a um método mais eficaz, e que constitui um dos maiores crimes do seu reinado: obrigou os judeus e os mouros a uma conversão forçada, atraindo-os a Lisboa com a promessa de poderem daí embarcar, para depois os enfiar num campo próximo do Rossio, à fome e ao frio, oferecendo-lhes como alternativas a morte ou a pia batismal. Com um sentido prático admirável, dava aos cristãos-novos uma contrapartida: durante vinte e cinco anos ninguém iria bisbilhotar as práticas religiosas que mantinham por detrás da porta, e podiam finalmente ter acesso às carreiras administrativas que até aí estavam reservadas aos católicos. A Inquisição veio depois estragar tudo, incitada pela inveja dos que não gostaram de ver os conversos com mais habilitações treparem pela escada da função pública, ficando-lhes com os lugares, mas no papel o plano era perfeito. E, durante um tempo, funcionou, mas à conta dele cometeu-se uma das mais ignóbeis injustiças, que no século XXI ainda estamos a tentar remediar, a troco de passaportes.

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