2016 foi o ano mais perturbante das vidas banais, como a minha, já muito entradas pela respectiva segunda metade.
Ao contrário do que escrevem muitos "pundits", a concorrência entre o Bloco e o PCP não se fará com recurso à via revolucionária, mas sim com recurso à via reformista.
Em entrevista ao Expresso, António Costa deu mais um passo na carreira de funambulista procurando chamar a si o PSD: "O mundo continuou e há novos desafios, novos problemas, novas respostas que é preciso dar. Hão-de (o PSD) libertar-se do passado e hão-de regressar."
Ao fim de mais de 20 anos enquanto advogado comprovo que não é só a Justiça que é cega, mas sobretudo a sua mecânica, que além de cega é burra, ofensiva mesmo.
Vai fazer trinta anos a eleição presidencial que mais entusiasmo suscitou, pelos tempos que vivíamos e pela dimensão dos protagonistas: Freitas do Amaral, Salgado Zenha, Lurdes Pintasilgo e Mário Soares.
Quando Walt Whitman constatou que o futuro não é mais incerto do que o presente, estava provavelmente a pensar no ano que temos pela frente. Talvez seja um ano mesmo novo depois do pandemónio de 2015.
No domingo, a Frente Nacional tornou-se o primeiro partido em França. Já se esperava que mais tarde ou mais cedo acontecesse mas, com ironia, aconteceu depois de um Presidente socialista ter decretado meses de estado de emergência.
Quando o Presidente procurou deixar o registo da sua descrença na plataforma que içou António Costa, só o PC fez um comício a exigir a entrada em funções de um Governo minoritário do PS.
O desfecho da votação desta terça-feira, apesar de anunciado, ainda causa perplexidade e estupor. Agora que devíamos começar a fazer as nossas inadiáveis opções, vem aí a troika que nos leva de volta à outra.
A razão pela qual a esquerda procura as mais variadas interpretações para a "vitória" de António Costa é fácil de explicar. Chama-se má consciência e tem origem no mesmo nevoeiro e sensação de fraude com que na rua se fala do assunto.
As notícias que, mais uma vez graças aos Estados Unidos da América, nos têm vindo a chegar em relação às práticas fraudulentas do grupo Volkswagen (VW) merecem uma reacção exemplar por parte dos poderes públicos.