pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Notícias em Destaque
Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt
04 de Dezembro de 2011 às 23:30

O grande negócio do futebol

Uma das mais interessantes histórias que se contam sobre o mundo do futebol milionário em que vivemos passou-se no balneário do Manchester United. Depois de um jogo em que o sr. David Beckham tinha jogado muitos metros abaixo dos milhões que lhe eram pagos todos os meses, o sr. Alex Ferguson deu um pontapé numa bota que acertou num dos olhos do jogador e o deixou a sangrar.

Uma das mais interessantes histórias que se contam sobre o mundo do futebol milionário em que vivemos passou-se no balneário do Manchester United. Depois de um jogo em que o sr. David Beckham tinha jogado muitos metros abaixo dos milhões que lhe eram pagos todos os meses, o sr. Alex Ferguson deu um pontapé numa bota que acertou num dos olhos do jogador e o deixou a sangrar. A dupla teve de ser separada para não acontecer algo mais trágico. O sr. Beckham vivia sob a protecção do sr. Ferguson desde os 11 anos, mas o seu casamento com a Posh Spice e a sua ascensão a estrela publicitária tinham tornado o convívio entre os dois mais difícil. O sr. Beckham foi então vendido ao Real Madrid. O Manchester United, primeiro sob a batuta do sr. Matt Busby e depois sob a do sr. Ferguson (curiosamente, ambos escoceses e ambos provenientes de famílias proletárias), conseguiu ao longo dos anos funcionar como uma escola onde chegavam jovens de diferentes partes do globo e ali aprendiam uma cultura comum.

O Arsenal utilizou, sob as ordens do sr. Arsène Wenger, uma estratégia algo semelhante: adquire sangue novo das estruturas jovens de outras equipas (especialmente francesas), consegue polir os jogadores e transforma-os em diamantes, prontos a ser vendidos. Os casos recentes do sr. Nasri e do sr, Fàbregas revelam isso mesmo. Os grandes clubes portugueses, que não têm os recursos dos seus congéneres ingleses, italianos ou espanhóis, utilizaram durante muito tempo uma mistura de diferentes tácticas: tinham estruturas juvenis onde iam buscar talentos ou então compravam em outras equipas portuguesas valores emergentes. Hoje esse mundo mudou. FC Porto, Benfica e Sporting estão cada vez mais focalizados em mercados como o da América do Sul ou o Brasil, onde compram jogadores que precisam de rodar antes de entrarem na alta-roda do futebol europeu.

Os grandes clubes portugueses são hoje plataformas giratórias de negócios. Entre a América e a Europa. E deixaram de dar atenção aos jogadores portugueses. Especialmente porque a sua noção de negócio é diferente. As contas do FC Porto do primeiro trimestre de 2011/2012 são elucidativas sobre a ideologia reinante. Entre compras e vendas o que ressalta é o valor de comissões pagas a empresários e o custo dos chamados serviços legais. A transferência do sr. Danilo custou à SAD do FC Porto 17,8 milhões de euros. A transferência do jogador brasileiro custou 13 milhões de euros. Sobram 4,8 milhões ainda antes do jogador ter feito um minuto pelo FC Porto. O caso do sr. Falcão ainda é mais brilhante: foi para o Atlético de Madrid por 40 milhões mas custou quase 10 milhões em intermediários. O grande negócio do futebol está aqui. Aos clubes portugueses está reservado o papel de montras e incubadoras.

Ver comentários
Ver mais
Publicidade
C•Studio