O lago dos cisnes
Na teoria de Nassim Nicholas Taleb, o cisne negro era um acontecimento inesperado que alterava tudo o que era previsível.
No "Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky, o cisne branco representava a pureza e o cisne negro o lado sombrio e predador dos sentimentos. Não sabemos se Carlos César é o cisne negro do "Lago dos Cisnes" de José Sócrates ou se pretende ser o cisne branco do futuro próximo, mas o PS entrou numa lógica de dupla personalidade. Já não sabe se é poder, se é contra-poder. Quando o Governo corta nos salários da Função Pública, o executivo dos Açores dá com a outra mão. Ou seja, o PS mina a autoridade do Estado PS. Está no poder e na oposição ao mesmo tempo. Que credibilidade merece então qualquer decisão do Governo? Poderia ser um caso para o doutor Freud se, como sempre, isto não revelasse que a autoridade de José Sócrates é semelhante à de Todor Jivkov antes de ser destituído: todas as chefias lhe eram fiéis até à morte, antes de deixarem de o ser. O problema é que, por debaixo desta política de alpercatas, a austeridade que aí vem não é um cisne negro, na acepção de Taleb. É um cisne branco para todos os que são sensatos e atentos. A idade da austeridade era esperada. Donde tudo isto é uma encenação política. Não se sabe se Carlos César está a preparar a sucessão no PS. E por isso prepara a deslocação do universo de austeridade que Sócrates vai impor. No poder, o PS prepara-se para surgir como face de oposição. É fantástico. Em Portugal entrou-se numa nova fase. Não se dança o lago dos cisnes. Saltita-se o logro dos cisnes.
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