Petróleo melhor que juros
Um dos momentos altos do primeiro semestre foi a velocidade e dimensão do arrefecimento económico, que apanhou o Governo (e até o Banco de Portugal) de surpresa. Foi essa deterioração rápida da economia, retratada esta semana pelo INE, que agravou a desconfiança das famílias e originou a agitação social dos últimos meses.
Houve dois factores que contribuíram para essa perda de confiança, que está nos níveis de 1986: a duplicação do preço do petróleo (num ano) e a subida dos juros, que tiveram um impacte profundo nos orçamentos familiares e contribuíram para a queda do PS nas sondagens. A ponto de se questionar se o partido, mantendo-se o actual clima económico, conseguirá ganhar as eleições de 2009.
É por isso que a quebra do preço do petróleo (25 dólares em três semanas) tem importância. Ao contrário da descida dos juros, cujo impacte na economia acontece com uma desfasagem não inferior a 12 meses, a queda do crude sente-se imediatamente no bolso dos consumidores. Isso explica a atenção com que, em São Bento, se olha para o gráfico do Brent e para as previsões do presidente da OPEP (que apontam para preços abaixo dos 80 dólares). Wishful thinking? Sim, porque acertar no preço do petróleo é tão difícil como acertar na lotaria. Mas quem privou com o primeiro-ministro e o ministro da Economia esta semana viu sorrisos (e boa disposição) que já não via há algum tempo.
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