O BCE está perante um dilema. Se quiser continuar a ajudar os governos em dificuldades, comprando a sua dívida soberana, pode fornecer-lhes os recursos de que precisam através de uma inflação predatória às custas dos detentores de dinheiro, ou pode conseguir junto de alguns governos os recursos de que eles precisam a expensas de outros governos.
Apesar de a Reserva Federal dos EUA estar agora a pensar sobre reduzir as compras mensais de ativos à luz da crescente inflação, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, continua a insistir que não existe um risco de inflação sustentada.
Se a economia recuperar e os estímulos orçamentais impulsionarem a procura reprimida, muito crédito bancário poderá emergir repentinamente do dinheiro do banco central. O crescimento dos preços começará então a acelerar, e o BCE terá muita dificuldade em contê-lo sem um travão à inflação que funcione.
No final, o planeamento central e o lóbi de fabricantes estabelecidos criaram o desastre das vacinas na Europa. Os europeus terão agora de viver com as consequências de uma tragédia evitável.
É muito ilustrativo, portanto, que a indústria farmacêutica da Alemanha esteja a alcançar reconhecimento internacional graças ao trabalho inovador de dois filhos de imigrantes que foram atraídos para o país pelo vácuo demográfico para o qual a própria indústria contribuiu.
Tornou-se cada vez mais claro que a crise económica decorrente da pandemia é uma extensão da crise do euro que tem continuado ativa desde o colapso do Lehman Brothers em 2008.
Os Estados-membros da União Europeia devem unir-se no sentido de formar uma união política que permitirá, de facto, que o bloco alcance a sua tão desejada soberania.
A nível global, nem todas as respostas à crise foram bem direcionadas, e outras não tiveram robustez suficiente. O mais preocupante é que alguns governos se convenceram de que podem simplesmente desacelerar a propagação do vírus, em vez de tomarem as medidas necessárias para o travarem de vez.
A iminente violação do espírito do Tratado de Maastricht será dupla: a UE assumirá dívidas de forma encapotada e fá-lo-á através da impressora de dinheiro.
Quanto aos legisladores da UE, atualmente apenas existem duas explicações para o que está a acontecer: ou não sabem o que fazem, ou estão a enganar deliberadamente os europeus.
O BCE nega veementemente que siga uma política de taxa de câmbio, pois sabe que isso está completamente fora do seu mandato. Mas é-lhe, muito simplesmente, impossível negar que a sua política se faça à custa dos parceiros comerciais da Europa. A situação é inquietantemente parecida com as desvalorizações competitivas dos anos 30.