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Isabel Abreu: Quem tem dinheiro, morre com outra dignidade

Uma vila, uma estância balnear e águas contaminadas. Um médico expõe a verdade. É o herói que passa a vilão. Numa primeira leitura do texto "Um Inimigo do Povo", de Henrik Ibsen, Isabel Abreu aplaude o Dr. Stockmann. Numa leitura mais refinada, a actriz começa, pelo menos, a questionar. "Não há verdades absolutas. Há um meio-termo e, às vezes, é esse o sítio onde tens de viver", diz a Sra. Stockmann da peça que está no São Luiz até 14 de Junho. A direcção é de Tónan Quito. Neste texto de 1882, há palavras de hoje. Tal como há na peça "Três dedos abaixo do joelho", uma obra construída a partir de relatórios dos censores de Salazar. Interpretada por Isabel Abreu e Gonçalo Waddington, a peça vai de novo aos palcos, no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto. "Há discursos que podiam ser ditos agora. Reconheces, nestes textos, pensamentos actuais. Voltas ao medo, voltas ao medo da palavra".

05 de Junho de 2015 às 12:01
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Tudo gira à volta do dinheiro, mesmo que não queiramos, mesmo que digamos que não. Há zangas que acontecem por dinheiro, as partilhas são uma chatice, as pessoas revelam-se por 100 euros. E, cada vez mais, precisamos de dinheiro para ter uma velhice digna. Isso aflige-me. Li no Público que, em 2025, as reformas vão representar menos de 45% do salário e, em 2060, menos de 30%. O que me irá acontecer quando eu já não conseguir trabalhar como hoje? Perdi as minhas avós há relativamente pouco tempo e lidei com o que significa envelhecer. Quando envelhecemos, precisamos de ajuda profissional, precisamos de um médico, de um enfermeiro. De repente, o custo mensal é muito superior à nossa reforma. Quem tem dinheiro, morre com outra dignidade, não tem de se sujeitar tanto ao passar de mãos em mãos, quase sem poder dar opinião. Muitas vezes, são os olhos que nos dizem: não, isto não está correcto, não foi assim que eu vivi a toda a vida.

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