A cadeira onde o basco Eneko Atxa se sentou tinha uma marca de cigarro. O balcão onde se encostou revela a patine do tempo e as mesas e as cadeiras à volta não escondem a idade. Era assim que estava o Alcântara Café e é assim que vai ficar o restaurante Eneko Lisboa, porque o cozinheiro entrou e a atração que sentiu foi semelhante ao dia em que se cruzou com a mulher da sua vida. O espaço ficou dividido em dois e, enquanto os menus de "fine dining" debutam numa sala com menos mesas, o balcão e as restantes mesas e cadeiras ficaram do lado do "Basque", onde os petiscos - como as lulas em tempura japonesa, os mexilhões, os samos de bacalhau ou o carré de cordeiro na brasa - sugerem o ambiente de taberna basca. Eneko descreve-o como "uma gastronomia mais casual, com muita intensidade, com muitas raízes bascas, mas a olhar para o mercado local, onde a ideia é partilhar e desfrutar à volta de uma mesa". Divididos por uma parede, ambos sob o teto da arquitetura industrial que caracteriza os edifícios daquela zona de Alcântara junto ao rio, o basco simplifica: "Este local é assim, tem a essência do que foi. Gosto."