"Mrs. Dalloway", sendo intrinsecamente inglês nas suas personagens, ações e lugares, é antes disso um romance universal sobre a passagem do tempo ("The hours" era o seu nome original), da inevitabilidade da morte e da provável irrelevância de cada um. Eis a voz de Dalloway, que inevitavelmente sentimos ser a voz da sua autora: "Sentia-se jovem e ao mesmo tempo indizivelmente velha. Trespassava todas as coisas como uma faca e ao mesmo estava do lado de fora, a observar tudo. (…) O seu único dom era conhecer as pessoas quase por instinto, pensou ela, continuando a caminhar. Se a pusessem numa sala com alguém, eriçava-se toda como um gato; ou então ronronava."