BNP Paribas defende que seria "sensato" Portugal ter programa cautelar
Banco de investimento francês acredita que o Governo português vai optar por uma “saída limpa” fruto da evolução económica positiva que se tem vindo a registar nos últimos meses. Porém, o BNP Paribas considera que seria “sensato” não descartar um programa cautelar.
“Apesar da recuperação [económica] cíclica dever permitir a Portugal renegar uma linha crédito cautelar no curto prazo, seria sensato não descartar esta opção”, conclui uma nota de research do BNP Paribas que fala, nomeadamente, de Portugal e a que o Negócios teve acesso.
O banco de investimento francês, neste documento, começa por defender que as “perspectivas para Portugal em 2014 são positivas” e prevê um crescimento acima do estimado pelas autoridades nacionais. O BNP Paribas estima que, este ano, a economia nacional registe um crescimento de 1,4%, um valor ligeiramente acima dos 1,2% estimados pelo Banco de Portugal. Este banco aponta ainda que, até 2015, o País deverá conseguir reduzir o défice público para um valor abaixo dos 3% do produto interno bruto (PIB).
Por outro lado, o banco gaulês aponta que “as taxas de juro das obrigações do governo português desceram de forma espectacular”. Uma evolução que atribuem a três factores: um reflexo das melhorias económicas verificadas em Portugal; uma modificação na avaliação dos riscos na periferia da Zona Euro e às elevadas compras de dívida dos periféricos após o fecho dos balanços dos bancos a 31 de Dezembro de 2013.
O BNP Paribas prossegue assinalando que “as condições parecem estar reunidas para que o País tenha uma saída bem-sucedida do programa de resgate, com ou sem uma linha de crédito cautelar”. “Considerando as supostas vantagens politicas, o Governo vai provavelmente optar pela última opção nas vésperas das eleições europeias e na preparação para as eleições legislativas que vão ter lugar em 2015”, acrescenta.
No entanto, e olhando para o passado, o banco acredita que seria “sensato” a opção de ter um programa cautelar. Na nota, o BNP Paribas sustenta que “as melhorias a curto prazo na situação não devem esconder as fraquezas estruturais da economia portuguesa, principalmente o seu fraco crescimento potencial”. Assinalando que, na última década a economia nacional registou um crescimento médio anual em torno dos 1%, “as reformas introduzidas durante a crise possivelmente vão permitir algum [crescimento económico] mas provavelmente não de forma sustentável”.
O banco aponta ainda que a elevada liquidez que existia nos mercados permitiu uma descidas das yields da dívida portuguesa, no entanto, “o prémio de risco continua elevado, próximos dos 250 pontos base, o que reflecte o estatuto de lixo da dívida portuguesa” segundo as classificações das agências de "rating".
“A médio prazo, a normalização das políticas monetárias pode resultar em problemas financeiros para o Governo português especialmente se a redução do endividamento for lento”, salienta o BNP Paribas. Por isso, conclui: “apesar da recuperação [económica] cíclica dever permitir a Portugal renegar uma linha crédito cautelar no curto prazo, seria sensato não descartar esta opção”.
Este research, emitido esta sexta-feira, dia 4 de Abril, tem lugar a poucas semanas do fim do programa de assistência económica e financeira e numa altura em que o Governo ainda não divulgou qual o "caminho" que Portugal vai escolher para o pós-troika: se um programa cautelar se uma "saída limpa", como fez a Irlanda.
Por esta altura, no mercado secundário, os juros da dívida pública portuguesa a dez anos estão a cair 12,2 pontos base para os 3,85%.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
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