BCE imporá condições férreas às novas compras de dívida (act.)
Banco central poderá retaliar contra os países que não cumprirem compromissos. No limite, recolocará no mercado os títulos de dívida comprados com o propósito inicial de aliviar os juros, avança a Bloomberg. BCE poderá testar novo programa em Portugal.
Apenas o Bundesbank terá mantido a sua oposição, sendo de esperar de Jens Weidmann seja o único governador a votar contra, à revelia da opinião do seu colega alemão no órgão executivo do BCE, Jörg Asmussen, e da do próprio Governo de Angela Merkel.
Segundo a agência norte-americana, o novo programa de compras de dívida pública será “ilimitado”, no sentido em que não será fixado qualquer tecto máximo para a mobilização de recursos, e concentrar-se-á em títulos de dívida soberana de curto prazo, até três anos.
As compras continuarão a ser “esterilizadas” (compensadas com a compra de outros activos) para anular os riscos de gerarem inflação e serão desencadeadas no mercado secundário (onde os privados transaccionam os títulos) a partir do momento em que as taxas de juro associadas à dívida (“yields”) ultrapassem um nível considerado excessivo. Esse nível de tolerância não será comunicado ao mercado.
Em contrapartida, o BCE só actuará para aliviar as condições de financiamento de um país do euro se o respectivo Governo fizer um pedido formal de ajuda aos fundos europeus (FEEF/MEE) e se comprometer com uma “rigorosa condicionalidade”. Se o país ajudado não cumprir o prometido, o BCE suspenderá as compras de dívida e, no limite, poderá retaliar, recolocando no mercado os títulos de dívida até então adquiridos, o que provocaria uma subida dos juros associados à respectiva dívida.
Analistas do JP Morgan e do Credit Suísse antecipam, por seu turno, que esta nova estratégia para baixar a “febre” dos juros possa ser testada, desde logo, com Portugal, quando a expectativa era que Espanha (e, numa fase subsequente, Itália) estreasse o expediente.
O argumento central é que, dada relativa reduzida dimensão da dívida pública portuguesa que estará em mãos privadas (24 mil milhões de euros em títulos com maturidade até três anos, calcula o JP Morgan) uma intervenção relativamente limitada do BCE teria um grande impacto nas “yields”, que já estão praticamente normalizadas no caso da Irlanda. Seriam, assim, dois “casos de sucesso” que poderia fazer regressar mais confiança à Zona Euro e, em última análise, eliminar a pressão que está a ser exercida pelos mercados sobre Espanha. Por outro lado, a intervenção do BCE poderá criar condições mais favoráveis ao regresso de Portugal aos mercados, reduzindo a necessidade de um segundo pacote de assistência financeira – ou a sua dimensão.
(notícia actualizada às 15h30)
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