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Granadeiro: "Andámos a brincar às eleições mergulhados na crise"

O que é que falhou em Portugal? Sobretudo o sistema político, responde o presidente da PT.

07 de Junho de 2011 às 01:51

Portugal chegou onde chegou, a ter de recorrer a ajuda externa, sobretudo porque “o sistema político não deu resposta à crise”. Enquanto o mundo estava mergulhado na crise, o país “andou a brincar às eleições”, lamenta o presidente da Portugal Telecom.

“As pessoas acreditam que andámos a brincar às eleições”, afirmou esta noite Henrique Granadeiro, lembrando que, nos últimos dois anos, os portugueses foram chamados cinco vezes às urnas.

Na opinião do presidente da PT, isso explica os recordes sucessivos da abstenção e também a gravidade da situação a que chegou o país. “Em dois anos, tivemos cinco eleições. Só em meados de 2010 é que tivemos orçamento. Não é forma de gerir um país num contexto de crise”.

Nos Estados Unidos, juntaram-se quatro actos eleitorais ao que levou à vitória de Barack Obama, acrescentou, numa crítica implícita ao Presidente da República, Cavaco Silva, que, em 2009, optou por não fazer coincidir nenhuma das três eleições (europeias em Junho, legislativas em Setembro e autárquicas em Outubro). “Andámos num ‘rally’, em arruadas, a jogar às eleições, enquanto o mundo estava mergulhada na crise”.

Europa a menos, Europa perversa

Entrevistado na RTPN, Granadeiro considerou ainda que outra das causas do estrangulamento da economia portuguesa se deve a uma política europeia de incentivos perversa.

“Andámos a destruir a nossa estrutura produtiva durante tempo demais”, disse, dando como exemplo a agricultura e as pescas, onde os subsídios sem exigência de produção e ao abate fizeram com que Portugal trocasse produtos nacionais por importações.

“Relançar esses sectores vai exigir um grande esforço mais é possível”, afirmou, dando como exemplo de sucesso os legumes e frutas frescos do Oeste que “já exportam mais do que vinho”. O desafio dos próximos anos é "generalizar estes casos de sucesso para o resto da economia".

Granadeiro voltou a apontar o dedo a Bruxelas quando disse que a crise portuguesa existe também porque "a Europa não cumpriu o seu dever”.

“Não foi só Portugal que não cumpriu os critérios de Maastricht. Grandes países também não cumpriram os 3% [para o défice orçamental] e depois ficaram sem moral para disciplinar os restantes”, acusou, numa referência à Alemanha e à França que, em 2005, flexibilizaram as regras do Pacto de Estabilidade porque haviam violado os seus limites.

“A crise é da nossa autoria, mas agudizou-se porque o espaço em que estamos integrados não resolveu a sua”. Em sua opinião, é agora preciso mais integração (e, nessa medida, cedência de soberania) e solidariedade. “É preciso mais Europa para resolver os problemas da Europa. Não pode ser cada um por si”.

Europa a menos, Europa perversa

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