Bruxelas garante que vai “reagir” se EUA aplicarem tarifas às importações de aço e alumínio
Valdis Dombrovskis admite que gostaria que os Estados Unidos recuassem na sua posição e não aplicassem taxas sobre o aço e alumínio que entra nos EUA. Mas garante que a Europa vai “reagir” se Trump não recuar.
A Comissão Europeia já tinha garantido que ia reagir se Donald Trump optasse por avançar com a aplicação de tarifas sobre as importações de aço e alumínio. Agora, o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, reitera essa posição. Ainda assim, manifestou a sua esperança de que as taxas alfandegárias não sejam aplicadas.
"Esperamos que, eventualmente, esta iniciativa dos EUA não vá por diante", disse Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, em entrevista à Bloomberg TV. "Mas é também claro que a UE vai reagir se estas tarifas unilaterais forem impostas pelos Estados Unidos", acrescentou.
Bruxelas garante que a resposta aos Estados Unidos vai ser feita no âmbito das regras da Organização Mundial do Comércio. Dombrovskis não quis alargar-se em comentários, tendo dito apenas que "estamos a avaliar todas as opções de acção". "Vamos reagir de forma firma e proporcional dentro das regras da Organização Mundial do Comércio", acrescentou.
Na semana passada, Cecilia Malmstrom, a comissária europeia com a pasta do Comércio, em entrevista ao Financial Times admitiu que Bruxelas estava a considerar a possibilidade de impor as suas próprias tarifas de "salvaguarda" sobre as importações de aço e de alumínio. De acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio, é possível que um país coloque em prática uma acção de salvaguarda. Assim, pode restringir as importações de um determinado bem, de forma temporária, se a indústria desse mesmo país estiver sob ameaça pelo aumento das importações.
Ontem foi noticiado que a resposta comunitária pode passar pela aplicação de tarifas sobre as importações norte-americanas de aço, vestuário, têxteis, calçado e alguns bens industriais. Assim, no âmbito desta medida, bens como jeans, t-shirts, motas e milho originários dos EUA podem sofrer um agravamento da carga fiscal para poderem ser comercializados na UE. Uma fonte da Bloomberg admitiu mesmo que a Comissão Europeia pode colocar uma taxa alfandegária de 25% sobre estes produtos. O valor total das importações sujeitas às tarifas é de 2,8 mil milhões de euros, segundo a agência.
Apesar do anúncio ter sido feito na semana passada, Trump tem ainda de assinar o documento que determina a entrada em vigor da medida, algo que pode acontecer esta semana. Não é ainda uma decisão formal. Contudo, parece que do lado norte-americano não há qualquer dúvida. Nas últimas horas, o presidente dos EUA reiterou que o objectivo de impor tarifas sobre os metais e alertou que a União Europeia vai ser atingida por "grandes impostos" por não tratar bem os EUA em relação às questões comerciais, segundo a Reuters. Não é totalmente nova este ideia de que a Europa vai ser penalizada.
Recentemente, o banco de investimento Goldman Sachs criticou a decisão de Trump de aplicar taxas sobre as importações destas matérias-primas. Para o banco, esta decisão pode prejudicar a economia mundial através de uma subida dos preços.
"As tarifas às importações tornam os EUA menos competitivos [porque] sobem os preços das matérias-primas", revela o banco numa nota, citada pela Bloomberg. "Ao impor tarifas transfronteiriças sobre as importações de aço e alumínio, o maior impacto económico será sobre o Canadá, México e UE e, ironicamente, vai aliviar o impacto económico sobre a China e a Rússia", acrescenta.
Trump pode dar uma isenção ao México e ao Canadá se conseguir uma renogociação do NAFTA. Entretanto, Washigton pode estar a preparar-se para apontar batérias à China.
A administração norte-americana está a ponderar restringir os investimentos chineses em solo americano e aplicar mais taxas alfandegárias aos produtos chineses que entrem nos EUA. A imposição de tarifas sobre o aço e alumínio já fez a primeira baixa na equipa de Trump.
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