Vinho do Porto vai poder ser engarrafado com água tónica
Treze anos depois do lançamento do Porto Pink (rosé), que foi a última grande novidade comercial disruptiva neste setor tão tradicional, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) prepara-se para aprovar a comercialização de garrafas de Porto tónico, pronto a consumir.
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Segundo apurou o Negócios junto de fontes do setor, a ideia já recebeu "luz verde" do conselho interprofissional do IVDP, que junta representantes da produção e do comércio e pelo qual passam as grandes decisões, como a aprovação anual do "benefício" (quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto).
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Contactada pelo Negócios, fonte oficial do IVDP, liderado por Gilberto Igrejas recusou, para já, confirmar oficialmente a aprovação deste novo produto, assim como detalhar o andamento do processo que já deu entrada nos serviços deste instituto público em julho de 2020 ou prestar declarações sobre o potencial de vendas deste produto.
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Feito com duas partes de água tónica e uma parte de Vinho do Porto Seco, ao qual é adicionado uma rodela de limão, laranja ou hortelã pimenta, o Porto tónico entrou no roteiro dos "cocktails" nos últimos anos. E esse interesse por parte dos consumidores levou as empresas a estudarem a possibilidade de lançar no mercado uma garrafa pronta a consumir.
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Foi o caso da Quinta da Boeira, que no verão do ano passado apresentou um dossiê completo ao IVDP, incluindo a composição definida de água tónica com Porto branco, uma análise ao "blend" realizada pela Universidade Católica, dados sobre o investimento inicial na ordem dos 200 mil euros e uma estimativa sobre o lançamento deste produto nos vários mercados em que já opera, como Dinamarca, EUA, Canadá e China.
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Assim que receber a autorização do IVDP, o sócio-gerente da Boeira, Albino Jorge, garante ao Negócios que está pronto a engarrafar "milhares de unidades" com esta mistura do Porto que produz numa quinta entre Pinhão e Alijó (subregião de Cima Corgo) com a água tónica que "vem através de uma parceria [feita] com uma produtora que está interessada também na própria distribuição a nível nacional e internacional". E até já tem as garrafas de vidro de 25 centilitros e os rótulos desenhados para chegar rapidamente às prateleiras.
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"O setor do vinho do Porto precisa de inovação e de sangue fresco. Está ainda muito ligado aos consumidores de idades mais avançadas e tem de dar o salto também para a juventude. O Porto tónico tem muito aceitação a nível internacional e é uma bebida excecional, principalmente para o verão e para as discotecas, por ser refrescante e ter menos graduação alcoólica ", apontou o empresário de Vila Nova de Gaia.
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Entusiasmado com a possibilidade de "abrir um mercado novo" para o vinho do Porto, Albino Jorge identifica "um interesse comum do próprio setor em relação a esta nova ideia", antecipando que este novo produto será "um grande sucesso" e "vai permitir à lavoura e aos exportadores venderem mais".
Como o Negócios já tinha adiantado, outras grandes empresas do setor estão envolvidas e interessadas neste novo produto, incluindo no formato de lata, aguardando apenas a luz verde do IVDP. É o caso da Fladgate, que ao final da tarde desta sexta-feira, 30 de abril, confirmou o lançamento do Taylor’s Chip Dry & Tonic", que vai chegar já em maio ao mercado português, britânico e americano.
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"[Temos], ao longo dos anos, procurado alargar a base de consumidores do vinho do Porto, procurando satisfazer as suas necessidades. O Taylor's Chip Dry & Tonic é o culminar de dois anos de trabalho ao lado do IVDP, que sem dúvida vai ajudar a trazer mais consumidores para o vinho do Porto", declarou, numa nota de imprensa, Adrian Bridge, diretor geral do grupo que também detém as marcas Fonseca e Croft, além de vários hotéis no Porto e no Douro.
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Também a marca Porto Offley, detida pela Sogrape, avançou entretanto que vai lançar esta bebida em lata, pronta a beber, que "mistura o irreverente Offley Porto Clink Branco com água tónica". Chega ao mercado no verão de 2021 e, "traduzindo uma apetência do mercado por novos ‘mixers’, representa a solução ideal para quem pretende o consumo do mais conhecido ‘cocktail’ de vinho do Porto nas proporções certas".
"É um produto que todo o setor considera com valor. Tem potencial para atingir camadas de consumidores mais jovens e isso pode ser facilitado por ser vendido já sobre a forma de preparado, sobretudo em mercados externos, como os Estados Unidos", concluiu a diretora executiva da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), Isabel Marrana, em declarações ao Negócios.
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