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Políticos franceses arrasam ida de Durão Barroso para Goldman

Vários líderes políticos franceses criticaram a nomeação do ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso para presidente não-executivo da Goldman Sachs, considerando que há "conflito de interesses" e que é uma "indecência".

Reuters
09 de Julho de 2016 às 15:54

"Servir os cidadãos para se servir da Goldman Sachs: Barroso representante indecente de uma velha Europa que a nossa geração vai mudar", escreveu no Twitter o secretário do Comércio francês, Matthias Fekl.

Desservir les citoyens, se servir chez Goldman Sachs: #Barroso, représentant indécent d'une vieille Europe que notre génération va changer

Tal como o responsável governamental socialista francês, os eurodeputados do PS de França consideraram que há um "escandaloso conflito de interesses".

"Exigimos a revisão das regras para evitar o recrutamento de antigos comissários europeus", referiram, em comunicado, os eurodeputados do PS francês.

Primeiro-ministro de Portugal entre 2002 e 2004, Durão Barroso demitiu-se de funções para ocupar o cargo de presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014, período durante o qual a Europa e o mundo foram atingidos pela grave crise financeira de 2008.

O banco norte-americano Goldman Sachs anunciou na sexta-feira a contratação de Durão Barroso como presidente não-executivo da instituição e de consultor, num momento em que o sector financeiro foi abalado pelas dúvidas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

"Evidentemente, que conheço a União Europeia e o contexto britânico relativamente bem. Se o meu conselho for útil em tais circunstâncias, estou pronto a ajudar", comentou Durão Barroso, em declarações ao Financial Times.

Segundo a imprensa francesa, o banco de Wall Street é dos que vendeu os produtos financeiros mais complexos – hipotecas de alto risco – que estiveram na origem da crise em 2008.

"O Goldman Sachs é também o banco que ajudou os gregos a mexer nas suas contas no início de 2000", acrescenta o semanário francês Obs, sublinhando que a União Europeia "não precisa disto".

"Este é o pior momento, um símbolo desastroso para a União Europeia e uma bênção para os ‘eurofóbicos’", acrescentou o diário francês Liberation, que titula na sua página na Internet um assunto com "um manguito à Europa".

A presidente do partido francês Frente Nacional (extrema direita), Marine Le Pen, considerou a contratação "nada surpreendente, para aqueles que sabem que a União Europeia não serve as pessoas, mas alta finança".

#Barroso chez #Goldman Sachs : rien d'étonnant pour ceux qui savent que l'UE ne sert pas les peuples mais la grande finance. MLP

Durão Barroso não violou qualquer regra, uma vez que, 18 meses depois de ter terminado o seu mandato, nada obriga os ex-membros da Comissão Europeia a prestar contas à instituição.

"Os ex-comissários, obviamente, têm o direito de prosseguir a sua carreia profissional ou política", disse um porta-voz da Comissão Europeia, acrescentando que é legítimo as pessoas com grande experiência e qualificações desempenharem funções de liderança no sector público ou privado.

Em declarações ao semanário Expresso, Durão Barroso afirmou que se é "criticado por ter cão e por não ter".

"Se se fica na vida política é porque se vive à conta do Estado, se se vai para a vida privada é porque se está a aproveitar a experiência adquirida na política", acrescentou o antigo primeiro-ministro ao semanário.

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