Ricciardi vende praticamente toda a participação no BES
O presidente do BESI participou no aumento de capital do BES, concluído no mês passado. Contudo, reduziu a sua posição poucos dias depois. Desfez-se de 41.900 acções a 0,86 euros. Já só tem 100 títulos do banco. O mínimo que lhe permite participar na assembleia-geral.
José Maria Ricciardi vendeu a quase totalidade da sua participação no capital do Banco Espírito Santo, no mesmo dia em que deixou de ser gestor da instituição financeira. A alienação ocorreu apesar de Ricciardi, dias antes, ter participado no aumento de capital.
"O Banco Espírito Santo, SA informa que o seu administrador José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi alienou no passado dia 23 de Junho, em sessão de bolsa, 41.900 acções do BES ao preço médio de 0,86 euros", indica o comunicado do BES publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta terça-feira, 1 de Julho.
A operação resultou num encaixe, para este membro da família Espírito Santo, de 36.034 euros.
100 acções permitem a Ricciardi ir à assembleia-geral
"Após esta transacção, o referido administrador passou a deter 100 acções do BES", acrescenta o documento enviado à CMVM. Segundo os regulamentos, a posse de 100 acções permite a ida à assembleia-geral de accionistas. E há uma marcada para 31 de Julho, onde será decidida a nova gestão do grupo.
Ricciardi era um dos pretendentes à sucessão ao seu primo, Ricardo Salgado, mas Amílcar Morais Pires foi o nome proposto pela família. O Banco de Portugal queria afastar os Espírito Santo da gestão do banco, depois de detectadas irregularidades numa das sociedades do grupo.
A 20 de Junho, é noticiado que quatro ramos da família Espírito Santo aprovaram a indicação de Morais Pires, actual administrador financeiro, para substituir Salgado na liderança do BES. Ricciardi tinha sido apontado pelo quinto ramo, aquele a que pertence. Porém, o gestor garantiu que tinha recebido, anteriormente, o apoio de três ramos da família. Mas o nome não pôde avançar. Daí que tenha decidido, a 23 de Junho, sair dos cargos que ocupava no Grupo Espírito Santo e concentrar-se na instituição que lidera: o Espírito Santo Investment Banking. É nesse 23 de Junho que se dá a venda da posição do gestor. Ainda que mantendo os 100 títulos na sua mão.
A decisão de continuar à frente do BESI causou celeuma na família, já que Ricciardi anunciou a intenção de fazer um aumento de capital na instituição, do qual Salgado se quis distanciar, ao dizer que não era intenção do BES alterar a estrutura accionista da sua unidade de investimento.
Ricciardi vende após participar no aumento de capital
Esta venda da posição ocorre apesar de José Maria Ricciardi ter participado no aumento de capital de 1.045 milhões de euros do Banco Espírito Santo, que aconteceu no mês passado.
Um aumento de capital consiste na emissão de novas acções. E o então administrador decidiu comprar 12.000 novos títulos, que foram vendidos a 0,65 euros cada. Ou seja, houve um investimento mínimo de 7.800 euros (sendo accionista antes da operação, Ricciardi recebeu direitos de subscrição de novas acções, pelo que poderá não ter comprado nenhum desses direitos para subscrever os novos títulos, ou seja, tendo pago apenas os 0,65 euros de preço de subscrição das novas acções).
O aumento de capital, que o BES conseguiu que fosse subscrito na totalidade, ficou concluído a 16 de Junho. Antes dele, Ricciardi tinha 30.000 acções do BES. Depois dele, ficou com 42.000 títulos do banco. 99,8% dessa posição foi alienada a 23 de Junho.
(Notícia actualizada às 19h35 com mais informações)
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