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Nvidia pode encaixar até 15 mil milhões de dólares na China com a venda de chips

Analistas apontam para 20 mil milhões de dólares de receitas totais no país, já este ano, com o levantamento das restrições na exportação da linha de chips H20.

A Nvidia alcança marca histórica de quatro triliões de dólares em capitalização de mercado
A Nvidia alcança marca histórica de quatro triliões de dólares em capitalização de mercado AP
17 de Julho de 2025 às 13:06

A Nvidia prepara-se para um ciclo de crescimento na China, depois de ter recebido , suspensas em abril, num gesto que apanhou Wall Street de surpresa. A expectativa de recuperação de receitas levou o título a novos máximos históricos esta semana, alimentando o otimismo dos investidores num momento de tensão constante entre Washington e Pequim.

De acordo com projeções de analistas das empresas de serviços financeiros Stifel, Bernstein e William Blair, a Nvidia poderá arrecadar entre 10 mil milhões e 15 mil milhões de dólares (entre entre 8,64 e 12,96 mil milhões de euros ao câmbio atual) em vendas à China só na segunda metade do ano, elevando as receitas totais no país até 20 mil milhões no atual ano fiscal, que termina em janeiro de 2026, de acordo com o Yahoo Finance. No ano fiscal anterior, a tecnológica somou 17 mil milhões no mesmo mercado.

Segundo Ruben Roy, da Stifel, haverá uma “cadência acelerada de compra dos H20 por clientes chineses” a partir do segundo semestre, o que levou o analista a rever em alta o preço-alvo da ação de 180 para 202 dólares. Ainda assim, alerta que a capacidade de fabrico da TSMC, fabricante por contrato da Nvidia, continua “apertada”, o que poderá limitar o potencial total de vendas.

Ações em máximos e receio de concorrência atenuado

Esta reviravolta ocorre apenas semanas depois de a Nvidia anunciar perdas de 2,5 mil milhões no primeiro trimestre e projetar mais 8 mil milhões de dólares de prejuízo no segundo trimestre devido ao bloqueio das exportações. A empresa chegou também a registar um “write-down” de 4,5 mil milhões em inventário acumulado.

Com a retoma das vendas, a empresa poderá não só recuperar parte do prejuízo como também proteger a posição no mercado chinês, evitando que rivais como a Huawei capitalizem com o vazio deixado pela ausência da Nvidia. Stacy Rasgon, da Bernstein, salienta que a proibição dos H20 “foi desnecessária e, francamente, algo sem sentido”, uma vez que o desempenho destes chips já se encontrava abaixo de alternativas disponíveis localmente.

Mesmo com bloqueios externos, as empresas chinesas têm desenvolvido capacidade de computação de inteligência artificial para preencher o vazio deixado por empresas como a Nvidia. No , está a ser construído um megaprojeto de centro de dados para treino de IA com o apoio do Estado chinês e que pretende rivalizar com as gigantes norte-americanas.

Trump suaviza postura enquanto Huang reforça presença em Pequim

O recuo na proibição acontece numa altura em que o CEO da Nvidia, Jensen Huang, faz a sua segunda visita a Pequim este ano, dias depois de ter reunido com Donald Trump na Casa Branca. Uma coincidência com peso político, num momento em que os EUA tentam equilibrar segurança nacional e competitividade industrial.

Apesar da proibição inicial, Huang sempre defendeu que o mercado chinês representa um potencial de 50 mil milhões de dólares só em IA e que os bloqueios comerciais não travarão o avanço da China, apenas abrirão espaço para a concorrência, um argumento também usado por vários analistas de mercado.

Além disso, vários especialistas alertam para a permeabilidade do mercado chinês, no qual a Nvidia continua a ter uma forte presença indireta. Embora a China represente oficialmente 13% da faturação da empresa, estimativas apontam para que 25% a 40% dos seus chips acabem nas mãos de utilizadores chineses, muitas vezes através de reexportações ou contrabando.

A possibilidade de retomar vendas com licenças especiais pode ser vista como um sinal de abertura no conflito tecnológico entre as duas potências, mesmo que parcial e temporário. De acordo com a Bernstein, o regresso da Nvidia ao mercado chinês reduz o risco de perdas estruturais mais profundas e de um realinhamento completo da cadeia de valor global em IA.

Se se confirmar o cenário otimista traçado pelos analistas, este poderá ser um momento de viragem num conflito comercial que tem afetado tanto empresas norte-americanas como a estratégia digital da China. No entanto, tudo dependerá da velocidade com que forem emitidas licenças, encomendadas peças, produzidos chips e enviados os lotes.

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