Europa avança pela quarta sessão. IAG, KLM e Lufthansa sobem em dia de anúncio de privatização da TAP
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta quinta-feira.
Europa avança pela quarta sessão. IAG, KLM e Lufthansa sobem em dia de anúncio de privatização da TAP
As principais praças europeias fecharam mistas, mas o Stoxx 600, de referência para o continente, registou avanços pela quarta sessão consecutiva, a maior série de ganhos do último mês, à boleia do setor mineiro que saltou 3,2%, devido aos preços elevados do minérios de ferro, devido ao renovado otimismo em relação à determinação da China em erradicar o excesso de capacidade industrial. Além disso, as tarifas dos EUA de 50% sobre as importações do cobre continuam a animar as ações do setor.
O Stoxx 600 avançou 0,54% para os 552,93 pontos, impulsionado pelos setores ainda do automóvel e dos bens domésticos, que subiu 2%. O "benchmark" está agora a 1,8% abaixo do máximo histórico de março. Contudo, a subida dos índices não foi generalizada.
Do lado das perdas esteve o alemão DAX ao cair 0,38%, o o espanhol Ibex a recuar 0,8% e a praça italiana ao ceder 0,72%. A ganhar acabou o parisiense CAC-40 com uma subida de 0,3% e, em Amesterdão, o AEX a somar 0,93%. Destaque para o britânico FTSE 100, que avançou 1,23% para 8975,66 pontos, um novo máximo histórico.
Apesar de ainda não haver acordo oficial entre os EUA e a União Europeia, o mercado acredita que esteja para perto. Mesmo assim, os especialistas dizem que os investidores parecem estar cada vez mais imunes às ameaças do Presidente Donald Trump e o mercado continua, para já, otimista.
Nos movimentos empresariais, a suíça Barry Callebaut afundou 13% ao reduzir, pela segunda vez no espaço de poucos meses, o "guidance" para o volume de vendas, devido à volatilidade dos preços das sementes de cacau, que persiste.
A BMW ganhou 4%, o valor mais elevado em quatro meses, após uma videoconferência que, segundo os analistas da Berstein, incluiu alguns comentários “tranquilizadores” por parte da fabricante alemã.
Depois de o Governo português oficializar a venda de parte do capital da companhia aérea portuguesa TAP, ao fim de mais de três décadas de reviravoltas, as empresas interessadas na companhia aérea subiram: a IAG avançou 1,5%, a Air France KLM ganhou 4,25% e a Lufthansa somou 1,11%.
"Gilts" escapam a subidas dos juros da Zona Euro
Os juros da dívida soberana da Zona Euro agravaram-se esta quinta-feira, um dia antes de a Alemanha avançar com um pacote de estímulos à economia de 46 mil milhões de euros. Para já, os investidores parecem estar centrados nos contornos da guerra comercial desencadeada pelos EUA e, com espaço e tempo para mais acordos comerciais, o mercado parece estar a vender os ativos seguros, como as obrigações, e a apostar no risco, como as ações.
As obrigações alemãs a dez anos, que servem de referência para a região, subiram 3,2 pontos base para 2,702%. Os juros da dívida francesa aumentaram 3,7 pontos base para 3,395%. Em Itália, a “yield” da dívida a dez anos cresceu 3,5 pontos base para 3,557%.
Na Península Ibérica, os juros da dívida portuguesa a dez anos registaram um acréscimo de 2,7 pontos base para 3,134%, enquanto os títulos espanhóis avançaram 2,6 pontos base para 3,316%.
Fora da Zona Euro, as “Gilts” britânicas não acompanharam o movimento, com a taxa a dez anos a cair 1,6 pontos base para 4,593%, com os investidores a mostrarem um maior apetite pelas obrigações do país, um dia antes de ser conhecida a balança comercial e o PIB do Reino Unido.
Dólar recupera terreno com dados laborais e ameaça ao Brasil
O dólar estabiliza esta quinta-feira depois de ter anulado as perdas iniciais, impulsionado pela divulgação de dados positivos do mercado de trabalho norte-americano e por uma nova escalada na retórica comercial de Donald Trump.
O índice do dólar sobe 0,21%, fixando-se nos 97,756 pontos, após um recuo de até 0,2% no início da sessão. A reviravolta foi motivada pela quarta queda consecutiva nos pedidos de subsídio de desemprego nos EUA, que atingiram o nível mais baixo em dois meses. “O mercado laboral continua resiliente”, destacou Win Thin, estratega da Brown Brothers Harriman, acrescentando que o cenário de complacência poderá culminar num novo momento de tensão como o “Dia da Libertação”.
A ofensiva comercial de Trump contra o Brasil, com uma ameaça de tarifa de 50% sobre exportações, também afetou os mercados cambiais. “É a manifestação mais extrema até agora do uso da política comercial como arma”, sublinhou a Bloomberg. O real brasileiro afundou até 2,8% na sessão anterior.
A esta hora e face ao dólar, o euro desliza 0,43% para 1,167 dólares. Também a libra esterlina desce 0,29% para 1,354. Quanto ao iene japonês, o dólar sobe 0,29% para 146,750, e em relação ao franco suíço, assinala uma subida de 0,48% para 0,798.
Apesar da relativa calma nos mercados, analistas do banco Goldman Sachs alertam que o dólar pode voltar a comportar-se como uma moeda de risco em breve, dada a conjuntura volátil em torno das políticas comerciais e monetárias dos EUA.
Petróleo desce com receios do impacto das tarifas de Trump na procura
Os preços do petróleo caem cerca de 2% esta quinta-feira, pressionados pelos receios de que os novos planos tarifários de Donald Trump possam travar o crescimento económico global e reduzir a procura por energia. A especulação de que a OPEP+ poderá suspender novos aumentos de produção também influencia o sentimento dos investidores.
O WTI, referência norte-americana recua 2,08%, negociando nos 66,96 dólares por barril, enquanto o Brent, referência europeia, desvaloriza 1,75% para 68,96 dólares.
Na quarta-feira, o presidente norte-americano ameaçou impor tarifas de 50% sobre as exportações do Brasil, incluindo petróleo, após um confronto público com Lula da Silva. A administração norte-americana também enviou cartas com planos tarifários para países como Filipinas, Iraque, Coreia do Sul e Japão.
Apesar do impacto inicial, os mercados têm reagido com menor intensidade a estas ameaças, devido ao historial errático da Casa Branca. “As pessoas estão numa postura de espera, dada a natureza imprevisível das decisões políticas e a flexibilidade que a Administração tem mostrado em torno das tarifas”, afirmou Harry Tchilinguirian, do Onyx Capital Group, citado pela Reuters.
Segundo a Bloomberg, a OPEP+ está a considerar uma pausa nos aumentos de produção previstos para outubro, num sinal de que “o mercado pode não estar preparado para absorver mais oferta”, como explicou Ole Hansen, estratega da Saxo Bank. Essa possibilidade aumenta os receios de excesso de oferta quando o pico sazonal da procura terminar.
Ouro na linha d'água entre força do dólar, Fed e incerteza comercial
Os preços do ouro estão a negociar entre ganhos e perdas ligeiros, numa sessão bastante volátil, enquanto os investidores pesam a força do dólar norte-americano, as atas da última reunião da Reserva Federal e ainda a incerteza sobre a guerra comercial em vigor, que aumenta o apetite por ativos seguro, como o metal valioso.
O metal amarelo sobe 0,06% para 3.315,58 dólares por onça.
As tensões comerciais ganharam gás esta quarta-feira. Donald Trump anunciou uma lista de novos visados das tarifas recíprocas, ainda que estes países tenham até 1 de agosto para chegar a um acordo comercial. Entre eles está o Brasil, com uma taxa de 50%.
Com uma tarifa de 50% está também o cobre. "Acredito que, no geral, todo o segmento de metais esteja em alta por causa dos efeitos indiretos das tarifas sobre as importações de cobre", disse Daniel Pavilonis, estratega da RJO Futures, em declarações à Reuters. O cobre sobe esta tarde 2% para 5,595 dólares por libra-peso.
Os investidores analisam ainda as atas da última reunião da Reserva Federal, ontem divulgadas. Os responsáveis dizem estar divididos sobre o impacto das tarifas da Casa Branca na inflação, com consequências na definição do rumo das taxas de juro. Apenas alguns acreditam que a entidade monetária possa cortar os juros este mês.
Nova onda de tarifas leva Wall Street a perder ligeiramente. WK Kellogg dispara mais de 30%
Após na sessão anterior o S&P 500 ter ficado perto de recordes e o Nasdaq Composite ter mesmo chegado a máximos históricos, as bolsas norte-americanas arrancaram a sessão desta quinta-feira com perdas ligeiras, enquanto os investidores reagem às novas tarifas de Donald Trump e ao recuo nos pedidos de subsídio de desemprego na semana passada nos EUA.
Neste contexto, o S&P 500 desce 0,61% para 6.263,26 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite perde 0,94% para 20.611,34 pontos. Já o industrial Dow Jones recua 0,49% para 44.458,3 pontos.
O mercado parece estar agora a dar um passo atrás após o "rally" de ontem. A economia norte-americana continua robusta e os investidores estão confiantes de que a próxima "earnings season" – que arranca na próxima semana – vá ser positiva, sobretudo devido ao otimismo em torno da inteligência artificial (IA). Aliás, foi este último fator que levou a que a Nvidia alcançasse o título de primeira "four trillion dollar baby" de sempre.
Os lucros das tecnológicas serão acompanhados de perto pelo mercado quando a época de resultados começar. Os analistas preveem que os resultados líquidos do segundo trimestre das "Sete Magníficas" aumentem 14%, em comparação com a subida modesta de 2,8% previsto para o S&P 500.
Ao mesmo tempo, há uma nuvem negra a pairar no mercado: as tarifas dos EUA. Apesar de haver mais esperança por mais acordos comerciais com a maior economia do mundo, o Presidente norte-americano continua a fazer chegar aos parceiros as prometidas cartas a definir a tarifa aplicada a cada país.
Durante a tarde de ontem, os visados foram a Argélia, Líbia, Iraque, Brunei, Moldávia e Filipinas. Horas mais tarde, Trump anunciou que iria impor uma taxa alfandegária de 50% sobre os produtos do Brasil. Além disso, o Presidente confirmou que os EUA iriam impor uma taxa de 50% sobre as importações de cobre a partir do próximo mês.
"A reação dos mercados em relação às tarifas diminuiu", disse Marija Veitmane, estratega na State Street Global Markets, à Bloomberg.
Entre os principais movimentos de mercado, a WK Kellogg dispara mais de 30% após a Bloomberg ter avançado que a italiana Ferrero vai adquirir a fabricante de cereais por três mil milhões de dólares.
Já a WPP nomeou Cindy Rose, executiva da Microsoft, como a próxima CEO, substituindo Mark Read, numa altura em que o grupo de publicidade procura formas de retomar o crescimento nas vendas e arrecadar novos clientes. A WPP sobe 1,8% e a Microsoft cede 0,33%.
A Nvidia estende os ganhos registados no fecho desta quarta-feira e avança 0,34% para 163,43 dólares por ação, perto do recorde de 164,36 dólares.
Taxas Euribor acima dos 2% a três, a seis e a 12 meses
A Euribor subiu esta quinta-feira a três, a seis e a 12 meses em relação a quarta-feira e ficaram acima de 2% nos três prazos.
Com as alterações desta quinta-feira, a taxa a três meses, que avançou para 2,001%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,070%) e a 12 meses (2,089%).
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu, ao ser fixada em 2,070%, mais 0,019 pontos que na quarta-feira.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a maio indicam que a Euribor a seis meses representava 37,75% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,32% e 25,57%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também avançou, ao ser fixada em 2,089%, mais 0,006 pontos do que na quarta-feira.
No mesmo sentido, a Euribor a três meses subiu esta quarta-feira, para 2,001%, mais 0,032 pontos que na sessão anterior.
As médias mensais da Euribor voltaram a cair em junho nos dois prazos mais curtos, menos intensamente do que nos meses anteriores e de forma mais acentuada no prazo mais curto (três meses).
Já a 12 meses, a média mensal da Euribor manteve-se em 2,081%.
A média da Euribor em junho desceu 0,103 pontos para 1,984% a três meses e 0,066 pontos para 2,050% a seis meses.
Na última reunião de política monetária, nos dias 4 e 5 de junho, em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) desceu as taxas de juro em 0,25 pontos base, tendo a principal taxa diretora caído para 2%.
Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano.
A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 23 e 24 de julho em Frankfurt.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Europa acorda no "verde" com força dos setores mineiro e tecnológico
As praças europeias acordaram com a notícia de que os EUA vão impor uma tarifa de 50% aos bens importados do Brasil, assim como uma tarifa igualmente de 50% às importações de cobre. Apesar dos mais recentes desenvolvimentos na "guerra comercial" norte-americana, as praças europeias começaram, quase todas, o dia com ganhos.
A puxar pelos resultados positivos está, sem grande surpresa, o setor mineiro, que sobe 3,53%, à boleia do anúncio da tarifa sobre o cobre. Mas há outros setores com ganhos relevantes: as ações da área da saúde estão, no conjunto, a subir 1,08%, enquanto as ações tecnológicas sobem 1,01%.
O Stoxx 600, o índice de referência na Europa, está a avançar 0,54% para os 552,93 pontos. O alemão DAX avança 0,22%, o francês CAC40 0,65%, o britâncio FTSE sobe 1,04% e o neerlandês AEX está a avançar 0,75%. O FTSE e o DAX estão a negociar em novos máximos históricos.
As duas praças que estão em contra-ciclo são o espanhol IBEX (- 0,75%) e o grego AEX (- 0,26%).
Segundo Timothy Graf, da área de estratégia da empresa State Street Global Markets, as notícias sobre a guerra comercial "perderam peso no que diz respeito ao impacto na economia global até agora, porque obviamente são táticas de negociação comercial", cita a Bloomberg.
As praças europeias têm estado, no global, a registar ganhos durante a semana, graças às pistas de que a União Europeia e os EUA estão perto de alcançar um acordo comercial.
Juros recuam na Zona Euro com mercado atento a discursos do BCE
Os juros da dívida soberana da Zona Euro seguem em ligeira queda esta quinta-feira, num contexto de acalmia nos dados macroeconómicos e com o mercado a centrar atenções nos discursos de vários responsáveis do Banco Central Europeu (BCE), incluindo François Villeroy de Galhau.
As obrigações alemãs a dez anos, que servem de referência para a região, recuam 0,2 pontos base para 2,667%, após uma descida mais acentuada de 1 ponto base no arranque da sessão. A pressão descendente sobre as "yields" pode refletir a expectativa de que o BCE mantenha o tom cauteloso sobre novas subidas de juros, especialmente num ambiente económico ainda frágil.
Entre os restantes países do núcleo europeu, os juros franceses recuam 0,7 pontos base para 3,351%. Em Itália, a “yield” da dívida a dez anos cede 1,1 pontos base para 3,511%.
Na Península Ibérica, os juros da dívida portuguesa a dez anos deslizam 1,1 pontos base para 3,096%, enquanto os títulos espanhóis recuam para 3,280%, também com uma queda de 1,1 pontos base.
Fora da Zona Euro, as “gilts” britânicas acompanham o movimento, com a taxa a dez anos a cair 2,5 pontos base para 4,584%.
Dólar recua após máximos recentes. Real brasileiro afunda com ameaça de tarifa
O dólar perde terreno esta quinta-feira, após recuar do máximo de duas semanas registado na véspera, numa sessão marcada por maior apetite ao risco e pela reação negativa do real brasileiro às novas ameaças tarifárias de Donald Trump. O índice do dólar da Bloomberg desce 0,11% para 97,455 pontos.
Entre as principais pares cambiais, o euro valoriza 0,11% para 1,1733 dólares, enquanto a libra esterlina avança 0,14% para 1,3605 dólares. O dólar desce ligeiramente face ao iene, nos 146,30 ienes, e sobe marginalmente frente ao franco suíço, para 0,7945 francos.
A moeda norte-americana perdeu algum ímpeto depois da forte procura por obrigações do Tesouro dos EUA no leilão de quarta-feira, que fez recuar os juros da dívida e aliviou a pressão cambial. Ainda assim, os investidores continuam atentos aos próximos passos da Casa Branca, que enviou mais uma ronda de cartas com tarifas a vários países, incluindo o Brasil, agora alvo de uma tarifa agravada de 50%.
O real brasileiro chegou a afundar 2,8% para 5,6047 por dólar, mínimos de mais de um mês, reagindo às declarações de Trump, que invocou não só práticas comerciais como também questões políticas internas no Brasil para justificar a medida.
Ouro arranca com ganhos, cobre dá salto após confirmação de tarifas
A oficialização da aplicação de tarifas de 50% sobre o cobre, feita pelo presidente dos EUA Donald Trump, está a fazer mexer o mercado dos metais. Os futuros do cobre (para setembro de 2025) estão a negociar em alta, ganhando 2,81%, para os 5,64 dólares por libra-peso.
A utilização do cobre em muitas indústrias (desde a produção de semicondutores, à indústria aeronáutica e ao setor militar) que estão a ser protagonistas da atualidade (pela procura por sistemas de IA e os conflitos armados na Ucrânia e Médio Oriente), ajuda também a justificar a maior movimentação em torno do cobre.
Já o ouro segue a avançar 0,35% para os 3.325,28 dólares por onça nesta quinta-feira de manhã, mostrando-se com uma procura crescente, ao mesmo momento que o dólar segue a perder ligeiramente face a outras divisas.
No global, os metais industriais estão a ter uma manhã positiva em toda a linha: a prata está a subir 0,56% para 36,59 dólares por onça; a platina ganha 0,83% para os 1,361,73 dólares; e o paládio apresenta-se no "verde" com uma variação de 0,39% para os 1.115,46 dólares.
Petróleo estável entre receios com tarifas de Trump e sinais de forte procura nos EUA
Os preços do petróleo mantêm-se estáveis esta quinta-feira, com os investidores a ponderarem os riscos económicos das novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos e os sinais de firmeza na procura por combustíveis nos EUA. A esta hora, o Brent sobe 0,14% para 70,29 dólares por barril, enquanto o WTI avança 0,06% para 68,42 dólares.
O ambiente continua marcado pela incerteza em torno da política comercial da Casa Branca. Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% ao Brasil, a maior economia da América Latina, e anunciou também medidas sobre o cobre, semicondutores e produtos farmacêuticos. Novas cartas com tarifas foram enviadas a países como Filipinas e Iraque, somando-se aos avisos já dirigidos a parceiros estratégicos como Japão e Coreia do Sul.
A intensificação da guerra comercial levanta preocupações quanto ao impacto no crescimento económico global e, por consequência, na procura por petróleo. Ainda assim, o dólar mais fraco na sessão asiática dá algum suporte aos preços, tornando o crude mais barato para outras moedas.
Do lado da procura, os dados mais recentes da Administração de Informação de Energia (EIA) revelam uma subida de 6% no consumo de gasolina nos EUA na última semana, para 9,2 milhões de barris por dia. As reservas de gasolina e destilados caíram, sinalizando um verão com procura sólida. Segundo a JP Morgan, tudo indica que a procura global de petróleo está a crescer a um ritmo de 970 mil barris por dia, em linha com as suas previsões para o ano.
Apesar da recente decisão da OPEP+ de aumentar a produção em 548 mil barris por dia em agosto e preparar novo acréscimo para setembro, persistem dúvidas quanto à real capacidade de execução. “Alguns membros já produzem acima das suas quotas, enquanto outros, como a Rússia, enfrentam limitações devido a infraestruturas danificadas”, lembrou Tony Sycamore, analista da IG.
Bitcoin gravita em torno de máximos históricos atingidos na sessão anterior
A bitcoin está a negociar bastante próxima do máximo histórico atingido na quarta-feira, data em que ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 112 mil dólares (cerca de 95.435 euros ao câmbio atual). Este movimento acontece numa altura em que os investidores têm aumentado a exposição ao risco, principalmente em relação às ações tecnológicas, apesar da turbulência comercial que tem marcado a relação dos EUA com os seus parceiros.
Na sessão de quarta-feira, a bitcoin chegou a crescer 3,06% para 112.009,41 dólares, embora tenha encerrado a negociação num valor mais modesto, perto dos 110 mil. A esta hora, a primeira criptomoeda do mundo avança 0,36% para 111.152,06 dólares, com os seus ganhos anuais a aproximarem-se dos 20%.
No primeiro semestre do ano, a bitcoin conseguiu escapar à maré vermelha que assolou grande parte das cripto, com os analistas da Coinmerce, uma corretora financeira holandesa, a explicarem que a criptomoeda solidificou "a sua posição como uma reserva de valor", ao passo que as 'altcoins' (criptomoedas alternativas à bitcoin) "estão a ter dificuldade em estabelecer um nível parecido de confiança e fiabilidade".
O avanço da bitcoin pode ainda ser explicado pela crescente adoção institucional do setor, numa altura em que os EUA se preparam para aprovar legislação para regular o uso de "stablecoins" e introduzir balizas sobre o que é um ativo digital – uma proposta legislativa que tem o apoio do setor e é a "bala de prata" para adensar as relações com o setor financeiro.
"O crescimento da bitcoin além dos 112 mil dólares reflete as fortes entradas de capital em ETF expostos à criptomoeda, aumento da adoção institucional e um cenário macro mais favorável", começa por explicar Adam Guren, fundador e CIO da Hunting Hill Global Capital, à Bloomberg. "Com os cortes nas taxas de volta à mesa e a instabilidade política a aumentar globalmente, os investidores estão à procura de ativos tangíveis – e a bitcoin está a beneficiar desta tendência", explica.
Ásia e Europa sobrevivem a turbulência comercial. Japão tropeça
As principais praças asiáticas encerraram a penúltima sessão da semana maioritariamente em alta, apesar do otimismo não ter chegado ao Japão. Pela Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura em alta, com os mercados a continuarem a mostrar a sua resiliência contra as tensões comerciais que marcam as relações internacionais entre os EUA e os seus parceiros, depois de Donald Trump ter endurecido a narrativa e ter afirmado que as tarifas de 50% sobre o cobre iam mesmo avançar a 1 de agosto.
Além disso, o Presidente dos EUA enviou uma nova leva de cartas a uma série de países, nomeadamente a Argélia, a Líbia, o Iraque, Brunei, a Moldávia, as Filipinas e o Brasil, informando-os das tarifas que pretende aplicar aos seus produtos a partir de 1 de agosto. As taxas aduaneiras variam entre os 20% e os 50%, com a economia brasileira a ser a mais afetada, devido ao seu papel nos BRICS - um grupo de países emergentes que têm ameaçado o poderio do dólar com a criação de uma nova moeda.
Apesar do engrossar das tensões comerciais, os principais índices chineses conseguiram terminar a sessão em alta, com o Hang Seng, de Hong Kong, a acelerar 0,3% e a o Shanghai Composite a crescer 0,6%. Já pela Austrália, o S&P/ASX 200 ganhou 0,6%, enquanto o "rally" do sul-coreano Kospi não parece conhecer travões, com o índice a valorizar 1,31%, depois de o banco central do país ter mantido as taxas de juro no valor mais baixo dos últimos três anos.
No entanto, o otimismo não chegou ao Japão, com o Nikkei 225 e o mais abrangente Topix a caírem 0,50% e 0,69%, respetivamente. O país continua a registar uma procura fraca nas suas idas ao mercado obrigacionista e o aproximar de eleições só está a dificultar este cenário, com os analistas a apontarem para uma crescente dívida pública.
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