pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Cibersegurança e inteligência artificial são as prioridades

O governador do Banco de Portugal alertou para o risco de exclusão digital e afirmou que os avanços tecnológicos não podem deixar para trás os mais vulneráveis, nomeadamente idosos, populações rurais e pessoas com baixa literacia digital ou sem acesso a dispositivos tecnológicos.

14:00
Álvaro Santos Pereira alertou para a necessidade de garantir que a inovação tecnológica não compromete a segurança, a inclusão e a confiança no sistema financeiro.
Álvaro Santos Pereira alertou para a necessidade de garantir que a inovação tecnológica não compromete a segurança, a inclusão e a confiança no sistema financeiro. Pedro Ferreira
  • ...
Álvaro Santos Pereira alertou para a necessidade de garantir que a inovação tecnológica não compromete a segurança, a inclusão e a confiança no sistema financeiro.

“É hoje impossível projetar o futuro sem mencionar a inteligência artificial. Os saltos em frente desta tecnologia chegam-nos em ritmo acelerado, beneficiando de uma concentração inédita de recursos e de investimento. A inteligência artificial já está a mudar a forma como as nossas empresas se organizam”, afirmou Álvaro Santos Pereira, governador do Banco de Portugal, numa mensagem emitida em vídeo na abertura da 8.ª edição do Grande Encontro Banca do Futuro, organizado pelo Negócios e que conta com a Claranet Portugal como main sponsor, a DS Automobiles como official sponsor, a Aon como insurance broker partner e a Cuatrecasas como legal partner.

A IA permite que o setor financeiro aprofunde os modelos de risco, o atendimento e o aconselhamento aos clientes, a recomendação de produtos e serviços e até mecanismos de deteção de fraude. “Os sistemas estão mais eficientes e com maior capacidade de resposta, pelo que precisamos de modelos de governação seguros, transparentes e eficazes”, afirmou Álvaro Santos Pereira.

A cibersegurança é hoje um pilar de confiança institucional e de estabilidade financeira. Álvaro Santos Pereira, Governador do Banco de Portugal

Álvaro Santos Pereira salientou que a transformação gerada pela IA “fortalece as defesas contra as ameaças, permitindo a deteção precoce de padrões anómalos. Mas por outro lado serve também como arma ao dispor de atores maliciosos para ataques avançados aos sistemas, aos dados, às organizações, às pessoas”. Realçou o combate do Banco de Portugal à fraude digital, face à crescente sofisticação das técnicas criminosas. “A cibersegurança deixou de ser um detalhe técnico, é hoje um verdadeiro pilar de confiança institucional e de estabilidade financeira”, sublinhou, acrescentando que “a mais pequena falha pode comprometer, em segundos, décadas de confiança acumulada”.

Sistemas de pagamento, do SPIN ao euro digital

Na sua opinião, “a banca é hoje um dos setores mais inovadores da nossa economia. A banca tradicional reinventou-se para responder a um perfil de cliente em mudança com várias exigências ao nível de flexibilidade, personalização e até imediatismo”. Considerou ainda que estas mudanças implicam uma dupla responsabilidade para os bancos centrais. “Por um lado, preservar a estabilidade e a confiança que sustentam os sistemas financeiros. Por outro, promover a inovação responsável, garantindo que o progresso tecnológico sirva o bem comum e não comprometa a inclusão, a segurança, a confiança e a transparência”, observou.

É essencial investir em soluções de pagamento modernas, abertas e com alcance pan-europeu. Álvaro Santos Pereira, Governador do Banco de Portugal

Na área dos pagamentos, o governador destacou o contributo do Banco de Portugal com a disponibilização do SPIN aos bancos e defendeu a necessidade de “investir e incentivar a utilização de soluções de pagamento modernas e abertas, com alcance pan-europeu, que aumentem a competitividade e assegurem a nossa soberania”, mencionando as transferências imediatas como exemplo de soluções que “já existem, mas talvez ainda não tenham a adoção generalizada”.

Quanto ao euro digital, Álvaro Santos Pereira anunciou que o Conselho do BCE decidiu, a 30 de outubro, “prosseguir para a próxima fase” do projeto. A iniciativa visa reforçar a confiança no sistema monetário, assegurar o acesso universal a meios de pagamento seguros e mitigar riscos de fragmentação resultantes da adopção massiva de criptoativos privados. “O papel central dos bancos no sistema financeiro não irá mudar”, garantiu, explicando que “o euro digital terá salvaguardas que assegurem que a atividade bancária não seja prejudicada”.

Mais notícias