Miguel Frasquilho defendeu uma visão económica de longo prazo para Portugal, alertando para o fraco crescimento do país nas últimas décadas e apelando à superação dos bloqueios estruturais.
As relações económicas internacionais são fundamentais para todos, sobretudo para uma pequena economia que se quer aberta, como é o caso de Portugal. “Por este motivo, precisamos de refletir com coragem sobre o futuro económico de Portugal e agir com uma visão de longo prazo, capaz de ultrapassar ciclos eleitorais, que têm sido excessivamente curtos, e simples interesses conjunturais”, disse?Miguel Frasquilho, curador do programa Economia Sem Fronteiras, uma iniciativa conjunta do canal Now e do Negócios, durante a conferência “Economia Sem Fronteiras: Portugal 2050”.
O curador identificou três grandes temas estruturais que condicionam a trajetória económica do país: “os famosos custos de contexto que travam o nosso potencial, a redefinição do papel de Portugal na Europa, e a nova ordem económica global, num mundo no qual as certezas do passado desapareceram”, influenciada pelo regresso de Donald Trump à Casa Branca.
Cenário preocupante
O ex-presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, alertou para o desfasamento persistente entre o potencial e a realidade económica de Portugal. Apesar de reconhecer vantagens competitivas reais, como a localização estratégica do país, a estabilidade institucional, o talento qualificado e uma imagem externa cada vez mais favorável, Miguel Frasquilho frisou que essas condições não têm sido suficientes para garantir um crescimento sustentado.
Os dados apresentados revelam um cenário preocupante. Entre 2000 e 2024, Portugal registou um crescimento médio anual de apenas 1,1%, o terceiro mais baixo da União Europeia, apenas acima da Grécia e da Itália. Em termos de nível de vida, Portugal ocupava a 17.ª posição entre os 27 Estados-membros em 2000, tendo descido para a 22.ª em 2023. “Caímos cinco posições porque os outros países progrediram, em média, mais do que nós”, sublinhou.
Segundo o World Competitiveness Yearbook do IMD, Portugal surge em 37.º lugar entre 69 economias analisadas, mantendo-se na segunda metade do ranking, atrás de vários países comparáveis. Um dos fatores que mais penaliza o desempenho nacional, referiu Miguel Frasquilho, é a política fiscal. “Não nos podemos nem devemos conformar com esta realidade”, concluiu.