A sucessão de casos polémicos envolvendo as mais altas figuras do Estado a propósito da facilitação de procedimentos junto de múltiplas entidades públicas deixa bem evidente a fragilidade das instituições, a informalidade na gestão dos negócios públicos e a facilidade com que, sem se conseguir rastrear quase nada, os diferentes níveis da cadeia hierárquica do Estado vão respondendo de forma solicita a um qualquer “pedido especial que venha de cima”. Este é um problema com décadas e que, ao contrário dos meios disponíveis para os combates, se vem agudizando entre nós. Até nos tortuosos caminhos dos procedimentos públicos se percebe que a par do respeito pelos princípios da igualdade ou da transparência, se criam verdadeiras armadilhas de onde só se sai recorrendo à tradicional “cunha” junto de alguém bem colocado. Maior é o problema quando se percebe que esta cultura de desresponsabilização e de achar que tudo isto é normal, parece ser aceite como uma inevitabilidade pela maioria dos cidadãos. Quem nunca recorreu a uma pequena ajuda para resolver mais rapidamente uma dificuldade que nos embaraçava? Ou para conseguir algo que deveríamos poder obter através dos mecanismos oficiais, mas que de tão “entupidos” estarem não vai chegar em tempo útil?