A política de terra queimada ao centro
O caos das últimas semanas - a que se juntará uma campanha eleitoral duríssima - confirma a dificuldade cada vez maior de diálogo entre os dois partidos do centro. Há um problema evidente para as políticas públicas que precisam de estabilidade. E há um incentivo para, mais tarde ou mais cedo, o partido que queira executar o seu programa se vire para as franjas da sua área política. Em 2015 foi o PS - em breve, poderá ser o PSD.
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O ponto de partida para as próximas legislativas não é tão claro como as oposições e uma parte do "comentariado" retratam. A AD de Luís Montenegro - posso chamar-lhe "de Luís Montenegro", dado acrítico o cerrar de fileiras atrás do líder - tem alguns pontos que, em tese, a suportam. O politólogo Pedro Magalhães lembrou-os ontem na rede social X, citando o seu conhecimento enciclopédico da investigação académica: falhas éticas ou até mais graves dos políticos têm um efeito eleitoral menos negativo do que se possa pensar (seja por "clubismo" partidário ou por descrença na classe em geral); a situação económica, que tem um impacto assimétrico na avaliação dos governos em Portugal (castiga-os quando é má e tem um efeito tendencialmente neutro quando é boa) não desajuda; e o tempo curto de governação, aliado aos dois fatores atrás citados, também não prejudica - tirando na Saúde, não há muito desgaste além do que o próprio primeiro-ministro infligiu no seu Governo.
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