Crónica de uma factura anunciada
A comissão de inquérito ao Novo Banco não mudou o essencial da história conhecida: a resolução de um banco como o BES, no enquadramento regulatório em que vivemos, nunca se faria sem o envolvimento massivo de recursos públicos, ainda que a título de “empréstimo”.
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É compreensível que as audições aos grandes devedores tenham sido as que mais atenção atraíram na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco. São material fácil para servir ao público, mais do que as complexidades do “mecanismo contingente de capitalização” ou as “vendas de carteiras” – uma janela para o que normalmente está escondido nos bastidores, que nos deixa ver o contraste entre os calotes e a performance pessoal medíocre dos seus outrora prestigiados detentores. São motivo para alguma catarse colectiva. É interessante ouvir pessoas da direita conservadora elogiar em privado Mariana Mortágua, a deputada bloquista cujas inquirições – retransmitidas nos media, nas redes sociais, em programas de humor e em clips no Youtube – nos compensam por alguns minutos, revisitáveis à distância de um clique, a inoperância atroz da justiça portuguesa perante infractores com dinheiro para bons advogados.
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